Ó cidade de Babilônia, destinada à destruição, feliz aquele que lhe retribuir o mal que você nos fez!
Feliz aquele que pegar os seus filhos e os despedaçar contra a rocha! (Salmos 137:8,9).
Quando eu leio alguns Salmos imprecatórios como este, ou mesmo aquelas passagens bíblicas que mostram os servos de Deus cometendo erros ou tomando decisões insensatas, eu me sinto aliviado, me sinto humano. Eu creio na Bíblia, justamente por ela ser transparente, e não esconder erros e equívocos cometido por inúmeras pessoas que seguiam a Deus.
Os chamados Salmos Imprecatórios, significam Salmos Amaldiçoadores ou que invocam o juízo de Deus. São textos escritos por pessoas que estavam passando por grandes problemas, e pediam a Deus por justiça. No caso deste Salmo, a Babilônia havia invadido Jerusalém e transformado a cidade em ruínas (CONNELLY, 2017, p. 348, 349).
Para quem não sofreu e muito menos passou alguma dificuldade na vida, talvez ao ler um Salmo deste, considere o texto estranho. Mas para quem já sofreu injustiças, que já foi humilhado e pisado muito por alguém, ao ler um destes textos, talvez sinta um pouco de alívio. Não consigo imaginar outra oração de quem sofreu um estupro, que viu um parente ser assassinado ou mesmo de quem foi roubado e agora passa por alguma necessidade.
O caos do mundo nos deixa indignados, a corrupção política, não nos deixa felizes, tornando está oração totalmente justificável. Pois precisamos antes de tudo, entender três coisas sobre oração.
Em primeiro lugar, orar é rasgar o coração, é se derramar, sem medo de ser condenado. Pois Deus nos ouve, sendo que Ele ouve principalmente a sinceridade do nosso coração. Deus entende o nosso sofrer e não hesita em estar conosco, nos ouvir, e receber o nosso lamento. É claro que Ele vai responder a nossa oração de sua maneira, mas Deus vai nos ouvir.
No caso deste Salmo, os babilônicos, após o exílio, foram esmagados pelos persas. Acabaram colhendo o resultado do mal que praticaram contra o povo de Deus (CONNELLY, 2017, p. 348). Embora que em outros casos, o que Ele traz é conversão, arrependimento e luz, como no caso da cruel e sanguinária cidade de Nínive, onde Jonas foi pregar. Deus nos ouve, não tenha dúvidas, mas Ele responde a nossa oração como bem lhe apraz, como eu já disse.
Em segundo lugar, orar é buscar esperança. É ter a certeza que de alguma maneira tudo será resolvido. Não há sentimento mais profundo do que saber que Deus nos ouviu, mas também que de alguma forma, encontraremos a resposta, a saída para o nosso problema. Este sentimento não só nos move, mas nos dá força para seguir, confiar e continuar.
Em terceiro lugar, orar é adorar a um Deus que quer nos ouvir. Você já parou para pensar que o que Deus quer é justamente ter intimidade conosco? Que o momento de oração e de busca por intimidade é a coisa que Deus mais quer?
As vezes nos entregamos a preguiça de orar, justamente por não entendermos o privilégio que é poder nos ajoelhar e falar com Deus. Por isso ore, da sua maneira e da forma mais sincera que você conseguir, crendo que Ele vai te ouvir, não tenha dúvidas.
Orar é a prática fundamental para todo o cristão, é a ação de se entregar, sem medo de não ser aceito. Pois Deus nos ouve e entende o nosso sofrer, e acima de tudo, Deus ouve o nosso coração e a sinceridade da nossa oração. Se isso não motivar você a orar, não sei o que mais te motivará.
BIBLIOGRAFIA
CONNELLY, Douglas, Guia fácil para entender Salmos: tudo sobre os salmos, reunido e organizado de maneira completa e acessível, Editora Thomas Nelson, Rio de janeiro, 2017.
