A ODISSEIA DA DOR XIII: ALÉM DO PARÊNTESE DO TEMPO

Quanto mais eu estudava e me aprofundava, mais ficava claro e destacado a minha ignorância. Percebi que entender nem sempre é uma missão fácil. E quando falamos de Deus e os seus propósitos, a missão complica ainda mais.

Não é fácil olhar para o sofrimento e muito menos é simples enfrentar um período de dor. Sendo que a dúvida aumenta ainda mais, quando somos cristãos e colocamos a nossa fé em Deus. Acreditamos em uma espécie de contradição ao falamos que servimos a Deus e ao mesmo tempo que passamos por momentos de dor, mas não é uma contradição.  Augusto Cury no livro “Os Segredos do Pai-nosso”, fala justamente sobre isso:

“Por que Deus reage de modo tão estranho? A única resposta que encontrei para todas essas indagações é que ele enxerga os eventos existenciais além do parêntese do tempo, de modo completamente distinto de como o vemos. Nós enxergamos a temporalidade da vida, Ele vê a eternidade. Nós queremos aliviar o sofrimento imediato, Ele procura uma solução definitiva e completa” (2006, p. 123).

Não dá para mergulhar no infinito sem se perder, sem perceber a nossa ignorância e nos consumir em dúvidas e contradições. É como enfrentar um tsunami, ninguém consegue ficar de pé ao contemplar a face de Deus (Êxodo 33:20).

O problema é que muitas vezes usamos o nosso padrão de pensamento e as nossas percepções para concluir e refletir sobre Deus. Este é o nosso maior erro. Deus não se encaixa nas compreensões humanas, ele está além do infinito, pois ele é Deus.

Não é possível uma criatura entender um Deus eterno, o que podemos fazer é mergulhar na Bíblia, o livro que fala justamente deste Deus que se revela, mas mesmo ela, não consegue quantificar nosso Pai, o que sabemos é apenas uma pontinha do que ele é.

E com toda a certeza, ao olharmos nosso sofrimento ou mesmo todo o caos do mundo, vamos pensar estar vendo uma contradição. Mas não é, pois só vemos uma parte, não conseguimos ter uma ideia do todo, quando falamos do sofrer. E acima de tudo, não conseguimos perceber propósitos, motivos ou mesmo a ação de Deus em meio ao sofrimento, mas Ele está conosco, sempre e em todos os momentos.

A forma que Deus vê é totalmente diferente da nossa. Deus olha o todo, ele enxerga além do parêntese do tempo, como Augusto Cury pontuou, e o fato de não entendermos a nossa dor, revela apenas a nossa falta de visão.

A lição que eu aprendi neste período foi confiar e não me guiar pelas minhas limitadas percepções. Não é que eu segui sem pensar e refletir, e sim, que eu entendi que nem tudo temos explicação, as vezes quando a dor passa ou os nossos problemas são resolvidos, é que vemos a mãos de Deus ou até um propósito para os tempos difíceis.

Você pode empreender uma busca por conhecimento, pode ler e estudar, e isso é ótimo, eu espero que você faça isso, como eu mesmo fiz. Deus nos fez racionais, é por conta disso que nós pensamos e refletimos, isso não é errado. O problema é acreditar que você vai olhar para o infinito Deus e entendê-lo ou acusá-lo de negligência por ele não olhar para a sua dor. É muita prepotência pensar assim.

Confiar é o melhor caminho para seres limitados andar, pois quando falamos de um Deus incognoscível, temos que ter em mente que, só entendemos a pontinha, uma mínima fração das coisas que ele permitiu que conhecêssemos. E esta porção, deveria ser suficiente para confiarmos nele e entregarmos toda a nossa dor aos seus cuidados.

BIBLIOGRAFIA

CURY, Augusto, Os segredos do Pai-nosso: A solidão e Deus, um estudo psicológico da oração mais conhecida do mundo, Editora Sextante, Rio de Janeiro, 2006.

Deixe um comentário