Eu sou um tanto cético quanto a empatia, eu até acredito na possibilidade de sentirmos empatia, mas não creio que todos conseguem sentir. Penso que a maioria usa a frase apenas como desculpas vazias para falar que entende o próximo. A maioria das pessoas apenas projeta o que sente pela pessoa ao invés de cultivar o real princípio da empatia. David Walton resume bem todos os elementos da empatia, acrescentando que a empatia é:
“1. Reconhecer que a outra pessoa está tendo sentimentos significativos (que podem ser positivos ou negativos) e algum senso do porquê de isso estar acontecendo. 2. Dizer algo que demonstra que você entende o que ela está passando e por quê”. (2016, p. 87).
O princípio da empatia é partir do sentimento e da realidade da pessoa e não da sua. Com isso, é preciso conhecer, entender e ter tido um contato com aquela situação, para assim ter uma ideia do que ela realmente está passando.
Há algum tempo, precisei fazer uma cirurgia para extrair um tumor benigno, fiquei bem preocupado e desabafei com um amigo sobre o assunto. O cara nem se preocupou, pois tinha passado pelo mesmo processo, e disse que eu tinha que ficar tranquilo.
Eu sei que ele tentou ajudar, mas ele não teve empatia e sim, projetou o seu sentimento, para a minha experiência. Ter empatia vai muito além disso, e requer disposição para mergulhamos no sentimento e na vida do próximo e realmente nos colocarmos em seu lugar. E eu repito e insisto em afirmar que poucos fazem isso, a maioria usa a palavra, mas não tem a atitude de empatia.
Eu não posso projetar os meus sentimentos e pontos de vistas na hora de tentar me colocar no lugar da pessoa, ao contrário, eu preciso me despir das opiniões e entender o mundo alheio a partir dele.
Entenda que ninguém é igual, não somos criados em série, cada ser humano é único, com suas características, medos e anseios. E cada um tem as suas dificuldades e é neste ponto que mora o perigo e que a nossa tentativa de empatia pode falhar. Pois, o que me causa temor, não é a mesma coisa que provoca medo em você. Algumas situações que eu consegui superar de forma fácil, podem ser justamente aqueles pontos que você tem dificuldade.
Empatia não é projetar o que eu sinto ou penso e sim, reconhecer o sentimento do próximo, e entender aquela dor como única, como dela e não minha. Um exercício que poucos fazem, a maioria projeta o que sente e não se coloca no lugar e no afã de ajudar, falam coisas que as vezes prejudica ainda mais alguém.
Ter empatia é reconhecer o próximo como único e suas experiências como suas apenas, colocando de lado seus pensamentos e crenças. Quando aprendermos a olhar, a enxergar o mundo do próximo, aprenderemos a ter empatia e a ajudar de forma realmente verdadeira uma pessoa.
BIBLIOGRAFIA
WALTON, David. Inteligência emocional: um guia prático. 1. ed. Porto Alegre: L&PM, 2016.
