Não é tão incomum encontrarmos receitas de sucesso. Muitos hoje querem vender uma fórmula, como se fosse possível fabricar em larga escala o sucesso. O sucesso é tão difícil de fabricar quanto definir, já que não é tão simples assim pontuar se alguém teve, ou não, sucesso. Pois para sabermos, precisamos primeiro entender os objetivos de cada pessoa.
O sucesso é sempre desafiador, por conta do propósito de cada um. E fabricar uma receita é complicado justamente porque ele depende de muitos outros fatores. Não é apenas ter habilidade em algo, nem ter um determinado tipo de conhecimento. Existe muitos pontos para que consigamos ter sucesso, como como oportunidade, condições e alguns outros aspectos. Contudo com o fracasso, é possível termos um pouco mais de previsão.
Existe uma receita infalível de fracasso e Mario Sérgio Cortella discorre sobre ela em seu livro: “Não Nascemos Prontos”, na obra o autor fala sobre o monge Beda e os três caminhos do fracasso e estes caminhos são:
“1) não ensinar o que se sabe; 2) não praticar o que se ensina; 3) não perguntar o que se ignora” (2006, p. 121).
O primeiro ponto do caminho do fracasso, que é o “não ensinar o que sabemos”, é muito importante. Pois o conhecimento não é como aquela aplicação que você faz no banco, na tentativa de fazer o seu dinheiro render um pouco mais é o contrário. Quanto mais você partilha, mais você conhece e aprende.
Eu sou professor e aprendi esta lição na prática, ensinar é também uma forma de fixar o que aprendemos. Isso tudo sem contar com o próprio período de preparação e estudo para a aula que também é um momento de aprendizado. Quem ensina também aprende muito, quem não ensina, perde muito do que aprendeu.
“Não praticar o que ensinamos”, que é o segundo caminho do fracasso, é outra lição fundamental. Não podemos ficar apenas na teoria, precisamos aprender a assimilar e pôr em prática o aprendizado. Isso traz mais vivência no assunto, e com isso mais autoridade e segurança no que é ensinado, vivido ou trabalhado.
As pessoas percebem aqueles que vivem uma vida apenas de teoria, por isso que falar e fazer é fundamental. Eu gosto do termo práxis, que denota uma teoria prática, é uma teoria que caminha e é dinâmica, que faz e realiza.
E em terceiro lugar temos outro caminho fundamental para o fracasso que é “não perguntar o que temos dúvida”, é ficar com a dúvida com você. Este ponto é curioso porque para perguntar, precisamos ter a humildade de confessar que não sabemos. E se por arrogância, não perguntamos, ficamos acompanhados pela dúvida e deixamos de aprender e estar em meio ao crescimento que a aprendizagem traz.
Não sabemos de tudo, ninguém nasce pronto, parafraseando o próprio título do livro do Cortella. Por isso que, perguntar é ser inteligente o suficiente para querer aprender e assim descobrir algo e crescer.
Quem não pergunta, fica estagnado, sem crescer e aprender. A pessoa que acredita que sabe de tudo, nunca aprende e fica parado no meio do caminho da estrada do conhecimento.
Esta é a receita do fracasso, uma ótima fórmula para quem quer se manter estagnado e parado no meio do caminho. Mas caso você queira desfrutar do saber, aprenda a lição, e se mantenha longe destas três perigosas estradas.
BIBLIOGRAFIA
CORTELLA, Mário. Sérgio. Não nascemos prontos: provocações filosóficas. 1. ed. Petrópolis: Vozes Nobilis, 2006.
