BAIXANDO A GUARDA

“Ceder é dispersar o centro escorado do indivíduo, baixar a sua guarda, a armadura do seu caráter, admitir a falta de autossuficiência” (BECKER, 2020, p. 138).

Existem modelos que o senso comum constrói que são totalmente equivocados. Características que são simplistas e não possuem qualquer reflexão. A figura do ser humano autossuficiente é um destes modelos falhos, que tenta mostrar a imagem de alguém forte e resoluto, mas que quando investigado, percebemos que nada mais são do que construções sem fundamentos, fadadas a ruírem.

Um dos piores problemas em se considerar autossuficiente, intocável e poderoso é que este sentimento é destrutivo e nos impede de aprender com os nossos erros. Admitir nossa falha e finitude não é ser fraco, mas ser honesto, entendendo a grande verdade da vida que nos ensina que estamos sujeitos a falhar. Quem não admite, não é forte ou inteligente e sim, é apenas orgulhoso.

Aprender a ceder ou mesmo confessar a nossa falta de autossuficiência é o primeiro passo do amadurecimento. É libertador confessar nossas inaptidões, afinal, é do ser humano errar, não perceber falhas e contradições e principalmente, ter áreas no qual não dominamos e é infantil acreditar sermos autossuficientes ou capazes em todos os âmbitos da vida e do saber.

Quando baixamos a guarda e confessamos nossos equívocos, aprendemos e ganhamos a oportunidade de recomeçar algo, mas de uma forma um pouco mais sábia. Errar ou falhar em algum empreendimento não é nada bonito, mas negar nossas falhas também não é.

Eu aprendi muito ao baixar a guarda, e percebi que eu não precisava provar nada para ninguém, muito menos me justificar ou mostrar que sozinho sou o melhor. Quem crê ser um ser superior, que não precisa de ninguém, na verdade apenas demonstra não ver as suas fragilidades. Todos nós temos as nossas vulnerabilidades, e só seguimos em paz, quando não escondemos e confessamos de forma sincera e honesta tais pontos.

Aprendi muito com os meus erros e equívocos quando descobri como é libertador baixar a guarda. Pude perceber meus pontos fracos e trabalhar neles. Quando somos mais novos, queremos provar que somos grandes, autossuficientes, que não precisamos de ninguém. Mas tal atitude nos leva rumo a estagnação e ao erro constante.

Admita sua falibilidade e coloque de lado o seu orgulho e prepotência que ao fazer isso, você vai descobrir que a humildade de reconhecer nossas falhas nos leva muito mais longe do que o orgulho de acreditar sermos autossuficientes.

BIBLIOGRAFIA

BECKER, Ernest. A negação da morte: Uma abordagem psicológica sobre a finitude humana. 13. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2020.

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