RUÍDO VISUAL

“Os que não são mais capazes de enxergar a realidade com os próprios olhos são igualmente incapazes de escutar corretamente” (PIEPER, 2021, p. 40).

Josef Pieper

No parque onde eu costumo caminhar tem um mural muito interessante. Aparentemente, no mural, podemos ver várias folhas, mas é apenas quando você para e decide prestar atenção naquela arte que você percebe que na verdade são pássaros.

A vida é cheia de detalhes, são muitas características que se escondem na paisagem, mas que para vermos, precisamos aprender a parar e desenvolver a capacidade de ver além do senso comum.

Vivemos uma era de excessos, são muitas artes, propagandas e quantidades em um grande mar de ruído visual que nos impede de ver e perceber as coisas que valem a pena serem observadas.

Sem contar que, muitos vivem abaixados, caminhando ou mesmo dirigindo de olho no celular, perdendo a paisagem e os detalhes da caminhada, estando assim apenas de corpo presente em um lugar, mas bem longe, naufragado no mar de excessos que é a internet. Josef Pieper complementa:

“Há uma espécie de “ruído visual” que, assim como seu equivalente acústico, torna a percepção nítida impossível” (2021, p. 39).

O excesso não nos estimula e sim, nos desliga, mata a nossa sensibilidade e a capacidade de apreciar, de realmente ver algo e perceber algo. Assim como o excesso de celular nos aprisiona em outro mundo, um lugar falso, construído com o intuito de manter as pessoas enraizadas no raso da vida. A TV e os vários meios de comunicação, também tapam a nossa visão dirimindo a nossa habilidade de apreciar.

Não é possível ver e muito menos ouvir de forma verdadeira, se não calarmos os estímulos e silenciarmos os ruídos. A quantidade não nos permite apreciar de verdade.

Descubra como é poderoso desligar os estímulos como a TV e o celular, por algum tempo, para cultivar um momento de silêncio, contemplação ou mesmo para uma oração silenciosa.

Não há outra forma de vermos é só parando, gastando tempo, aquietando a mente buscando lugares onde não há muita poluição sonora e visual. Visitar um museu por exemplo, andando como toda a calma possível é uma excelente opção. Ou quem sabe, tirar um final de semana no campo, longe dos excessos e de preferência, desconectado, com o propósito de fazer uma higiene mental. Quando mais você se dedicar em cultivar o silêncio e a contemplação, mais você vai aprender a ver e a ouvir.

Em meio ao barulho, entre todos os inúmeros outdoors, podemos perder a beleza, não ver os detalhes da vida escondidos em meio a todos os excessos!

BIBLIOGRAFIA

PIEPER, Josef. Só quem ama canta: Arte e contemplação. 1. ed. São Paulo: Quadrante, 2021.

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