“Quem se entendia no andar e não tolera estar entediado, ficará andando a esmo inquieto, irá se debater ou se afundará nesta ou naquela atividade” (HAN, 2020, p. 34, 35).
Vivemos na sociedade da produtividade, você não pode perder seu tempo de maneira alguma, por isso, você precisa manter a cabeça ocupada e como diz o slogan: “Trabalhar enquanto os outros estão descansando”. Diante desta realidade, as pessoas seguem cansadas e muitas vezes frustradas por não conseguirem produzir tanto.
Mas uma coisa que precisamos entender é que a vida não é uma competição, onde todos precisam provar o quanto produzem ou mesmo mostrar quem chega em seu primeiro milhão antes dos 30 anos. Viver é muito mais do que ter ou ser uma máquina de produzir.
Eu digo isso, mas não sou contra termos rotinas de trabalho e estudo e muito menos sou contra as pessoas que se dedicam as suas carreiras para que assim, possam ter mais estabilidade financeira. A crítica é para quem vive apenas para isso. Eu mesmo tenho uma rotina de estudos, leitura e escrita. Mas também tenho o meu momento de ócio criativo, contemplação e descanso.
Conheço gente que tem a sua vida exclusivamente dedicada ao trabalho e carreira e tudo o que a pessoa busca são apenas resultados. Viver não é isso, e por mais que ser produtivo seja importante, precisamos ter equilíbrio, lembrando que somos seres humanos, e precisamos de outras coisas que dinheiro e trabalho não dão. Quem não tem rotina ou não busca se aprimorar, cai na estagnação, contudo, quem vive só para isso, mergulha no ativismo e se esquece de viver, de aproveitar a vida.
Moro ao lado de um parque, por isso, é imprescindível tirar um tempo para caminhar e observar a natureza e a vida. Isso me recompõe e me dá fôlego para seguir. Tenho uma rotina bem puxada, eu escrevo, leio e estudo bastante. Contudo, também tiro os meus dias de ócio e descanso. Eu sempre acreditei no equilíbrio, e considero igualmente perigoso não se dedicar, não ter metas e viver só para a produtividade.
Um costume que eu sempre cultivei são os hobbies, sempre me dediquei a algo que não traz retorno financeiro, mas que me dá prazer e alegria. Fiz amigos e conheci muitos lugares por conta destes hobbies.
As vezes é bom nos desligar, aproveitar o dia fazendo uma caminhada, sem olhar para o relógio, como se o tempo não existisse. A sociedade tem buscado cumprir suas metas, mas de meta em meta, tem se esquecido do presente, tem parado de viver e contemplar a vida.
É importante termos metas, sermos produtivos e sabermos bem onde queremos chegar. Por isso que estudamos, cultivamos rotinas e nos aprimoramos, mas a vida não é só isso. E se negarmos isso, correremos o risco de cumprirmos as nossas metas e esquecermos de viver.
A vida acadêmica pode ser muito produtiva e prazerosa, não tenha dúvidas disso, só não se esqueça de viver, aprenda a descansar e entender que equilíbrio é saber dosar a produtividade com o ócio criativo.
BIBLIOGRAFIA
HAN, Byung-chul. Sociedade do cansaço. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2020.
