A VIDA VÃ

“Uma vida vã, portanto, é aquela que toma a si mesma como epicentro das coisas” (PONDÉ, 2015, p. 45).

Eu estava aguardando atendimento em uma consulta quando alguém entrou exigindo ser atendido. Ela queria prioridade, não queria entrar na fila e exigia atendimento imediato em uma atitude totalmente pedante, grosseira (visto que ela gritava) e egoísta, visto que muitos esperavam pela mesma consulta. Viver uma vida relevante é para quem tem senso e entende que o mundo não gira em torno do seu umbigo, é uma pena que nem todos entendem isso.

Não estou querendo afirmar que não temos nossos sonhos, características e particularidades e sim que não somos o centro do universo, assim como aqueles que acreditam estar acima de todos, parecem acreditar.

A vida vã se resume em viver como se os nossos sonhos e empreendimentos ou mesmo como se a nossa forma de viver fosse tudo e onde todos deveriam nos servir e atender nossos chamados. É a famosa síndrome da fama, que ao menor sinal de reconhecimentos ou dinheiro, leva alguém a agir como se fosse um deus, alguém a quem todos devem servir.

A vida relevante é vivida pela pessoa que entende bem quem é, por alguém que já constatou a sua miséria interna e percebeu que é apenas pó (Salmos 103:14). Tal ação não é um ponto de partida de uma pessoa autoindulgente e sim a atitude de alguém que percebeu a sua falibilidade.

Além de ser egoísta, a vida vã por ser autocentrada e não perceber e muito menos olhar para o próximo, é também uma vida autodestrutiva, sem sentido e sem propósito. Viver para si é se consumir, se destruir na vã tentativa de ser feliz. A vida feliz é vivida em comunhão, olhando o próximo e buscando ser relevante onde estiver.

O evangelho não só aponta para Deus, mas também mostra quem somos sem ele, nos dando esperança e nos mostrando o quão fundamental é olhar em volta e perceber o próximo.

A vida egoísta é miserável pois ao olhar apenas para si, precisa tampar o enorme buraco da sua insignificância. Mas quem olha para cruz e aceita viver em comunhão, percebe que a verdadeira vida é seguir a Deus e servir o próximo.

A vida vã é autocentrada, tem a si como epicentro, o ponto central da existência. A vida relevante é aquela que olha para todos e entende a importância da comunhão, da parceria e das pessoas.

O desafio é administrar nossos sonhos, peculiaridades e individualidades, sem assim, nos considerarmos como superiores. Existe um fio fino que separa quem somos e quais são as nossas prioridades, características e crenças, de quem é o próximo e como respeito suas diferenças.

A vida vã é acreditar estar acima, crendo que tudo gira ao seu redor. A vida relevante é vivida a partir do respeito, entendendo que servir, respeitar e ajudar é o melhor cartão de visitas.

BIBLIOGRAFIA

PONDÉ, L. F. Os dez mandamentos + um: Aforismos teológicos de um homem sem fé. 1. ed. São Paulo: Três Estrelas, 2015.

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