CAOS AMBIENTAL: A CULPA É DE QUEM?

O meio ambiente tem sido cada vez mais devastado, se não nos posicionarmos, é possível vermos o ser humano acabar com toda a bela criação que Deus fez em pouco tempo. A parte complicada deste problema, é aquele nosso conhecido jogo político constituído em culpar um lado ao invés de brigarmos por leis mais justas e órgãos fiscalizadores mais eficientes.

Eu tenho receio daquelas pessoas que possuem a capacidade de simplificar certos problemas e por conta da falta de informação e senso crítico, compram uma ideia sem refletir. É comum ouvirmos que o capitalismo e o consumismo são os grandes vilões do meio ambiente, um fato que até tem as suas verdades, mas que não contempla o todo do problema.

Quando falamos de caos ambiental, não é possível afirmar que o capitalismo é o único culpado, dando a entender que o comunismo ou as políticas de esquerda, nunca tiveram o seu grau de culpa. Basta lembrar do desastre de Chernobyl ou da poluição dos rios da Polônia no período comunista, tudo porque o governo que era dono das fábricas era também o mesmo que fiscalizava e por isso as leis não eram cumpridas, isso só para citar estes dois exemplos, pois existem mais (SCRUTON, 2016, p. 84).

O meu intuito com o texto não é colocar a culpa em um lado, mas mostrar como este problema é intrinsecamente complicado e a falta de um órgão que fiscalize é um problema tanto do capitalismo, quanto foi do comunismo, pois no final, é um problema do ser humano. Roger Scruton complementa:

“Mesmo em sociedades democráticas, nas quais a propriedade privada e o estado de direito determinam a separação entre o agente que ameaça fazer um mal e o agente que pune ou previne esse mal, a evidência é que as burocracias estatais terminam por se tornar um perigo ao meio ambiente tão logo assumam o papel de controle, em vez de se limitar a conter o que é feito” (2016, p.85).

É comum percebermos alguns discursos de esquerda que nos dão a impressão de que eles são os mocinhos ou a política que olha para o povo, pontos de vistas que são totalmente enganosos. Um olhar honesto vai ver o caos dos dois lados, não só no capitalismo. É por isso que não podemos deixar que a militância cega, sem qualquer informação e capacidade de refletir sobre as suas próprias contradições, dite o tom da conversa. 

Uma boa investigação vai lhe mostrar como os dois lados cometeram erros, que a corrupção e falhas no cumprimento da lei estão em ambos os tipos de governo. No regime socialista, que é dono do meio de produção e ao mesmo tempo inspeciona, não houve o cumprimento da lei, nem uma investigação para se encontrar um culpado, visto que o estado era o dono e é o órgão que gerenciava as leis ao mesmo tempo, não possuindo uma divisão de poderes (executivo, legislativo e judiciário) para melhor cumprimento das leis ou quando possuía, era colocado de lado em nome de outras prioridades. E no capitalismo a corrupção muitas vezes deu as caras e impediu que as leis fossem cumpridas, entre tantas falhas que este modelo de governo tem (SCRUTON, 2016, p. 83).

Não creio que o capitalismo ou apenas o consumismo seja o problema, o caos é muito mais profundo do que isso, e para encontrarmos uma solução, precisamos sair do cenário polarizado e mergulhar no assunto de forma honesta e coerente.

O meio ambiente está sendo dizimando, reservas florestais, animais e o ecossistema tem sentido a ação do egoísmo humano, e a discussão política, que tem o intuito de apenas encontrar um culpado não resolve o caos. Pois enquanto a briga acontece, o meio ambiente perece por conta da ganância humana e da ineficiência das leis e dos órgãos fiscalizadores.

A ganância não é de direita e nem de esquerda, mas está enraizada no íntimo de cada ser humano. Lutar contra o desejo de ter, é muito mais que adotar uma visão política, e sim, é viver com ética, entendendo que o equilíbrio é o princípio de uma vida coerente.

BIBLIOGRAFIA

SCRUTON, Roger. Filosofia verde: Como pensar seriamente o planeta. 1. ed. São Paulo: É realizações, 2016.

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