A DÚVIDA E O CONHECIMENTO

“A única forma que se tem de chegar à certeza é pela dúvida. E mesmo assim essa certeza deve estar eternamente aberta à dúvida”. (BONDER, 2011, p. 15).

Eu gosto muito de aprender, é um privilégio poder ler um bom livro e assistir uma boa palestra ou aula, e sair reflexivo, pensando em tudo o que eu pude descobrir. Sendo que para poder aprender, o melhor caminho é se esvaziar, no sentido de deixar de lado as certezas, para assim mergulhar no saber de cabeça.

É comum não ouvirmos o que em um primeiro momento sabemos, as nossas certezas têm este poder de nos ancorar. Mas eu já aprendi muito ao estudar coisas que eu acreditava saber, onde no final, pude perceber que eu não sabia nada. Quando duvidei, entendi como o saber é inesgotável e como é possível mergulhar ainda mais, para compreendermos um assunto.

As minhas aulas são bons exemplos do que eu estou buscando explicar. Quando começo preparar a aula, busco revisitar o conhecimento e reavaliar o que vou ensinar. E durante o processo revejo muita coisa e em alguns momentos mergulho e encontro um outro viés para aquele mesmo conceito. Uma outra forma de interpretar, outro olhar e experiência e com isso, eu cresço ainda mais como professor e como aprendiz que sou.

Em sala de aula eu também aprendo, mesmo sendo o professor, visto que, as dúvidas dos alunos muitas vezes me ensinam. São as dúvidas que nos levam ao saber, é a dúvida que nos impulsiona e não as certezas.

Não é fácil caminhar em uma trilha escura, fazer isso sem uma lanterna é muito ruim. Mas conforme você vai caminhando os olhos vão se acostumando com a falta de luz e você começa a enxergar em meio a penumbra. A luz nos permite ver, mas a falta dela nos dá a oportunidade de perceber detalhes, estrelas e contornos que só a penumbra revela.

Eu sou um teólogo formado há alguns anos, além de ser professor de teologia. Quando eu entrei na Igreja que atualmente eu frequento, precisei fazer um curso de membros. Lá eu aprenderia sobre a igreja e também sobre os fundamentos teológicos dela, que inclusive eu já conhecia, mas resolvi deixar a certeza de lado e abraçar a dúvida para ficar aberto para o saber durante estas aulas.

As aulas foram ótimas e por mais que eu já conhecesse a teologia, ouvi outros pontos de vistas sobre alguns assuntos. Foi ótimo também assistir a ótima aula do professor, aprendi muito com ele e conheci outras bibliografias.

Aprender é um estilo de ser e de se comportar, é uma forma de ver e aceitar que não sabemos tudo e mesmo o que sabemos, podemos estar enganados ou mesmo não notarmos a nossa falta de profundidade. Quem abraça a dúvida de forma consciente se abre para o saber e cresce, seja aprendendo coisas diferentes, mergulhando ainda mais em tema para assim se aprofundar no saber ou mesmo revendo conceitos conhecidos, mas que é bom serem relembrados.

Lembre-se que aquele que acredita que sabe, nunca aprende. A dúvida gratuita e sem propósito é prejudicial, mas a dúvida inteligente nos leva em direção ao saber.

BIBLIOGRAFIA

BONDER, Nilton. Fronteiras da inteligência. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

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