SOCIEDADE DA SOLIDÃO

“A solidão da vida contemporânea aparece por trás da alegria montada para as fotos, também irrelevantes. Nunca se tirou tanta foto e nunca se viu tão pouco uma. A solidão nos ataca como um enxame de abelhas” (PONDÉ, 2019, p. 48).

Se você é um daqueles que quando acorda, logo acessa as redes sociais, você vai perceber como através destas lentes, o mundo é perfeito, próspero e feliz. Já no mundo real, você vai constatar uma verdade bem oposta a esta. Nunca o ser humano esteve tão ansioso, depressivo e preocupado.

Algumas realidades são construídas na tentativa de algumas poucas pessoas venderem um estilo de vida que é falso, que não existe. Uma vida completamente feliz, sem problemas e dificuldades, além de ser uma vida falsa, é totalmente entediante.

É claro que eu não gosto de sofrer, mas sei como as dificuldades nos ensinam, também nos dão experiências e senso de propósito. Um mundo sem dor, dificuldades e desafios, é um mundo que não se move, que não busca crescer e construir. Tudo o que vale a pena demanda esforço, tentativa e erro e perseverança.

 Vivemos dias onde todos querem tudo na mão, onde cultivar uma amizade verdadeira é para poucos, o melhor mesmo (segundo estes) é ter uma quantidade grande de seguidores e com isso priorizar muito mais a quantidade do que a qualidade. Nunca o mundo tem seguido tão solitário, apesar de todos os “amigos” e seguidores, já que cultivar uma amizade dá trabalho e demanda tempo. E com isso, a sociedade segue só, sem relacionamentos concretos e comunhão.

Eu tenho poucos amigos, nunca fui uma pessoa cercada de pessoas, prezo mais pela qualidade do que pela quantidade. E por ter amigos, eu sei muito bem que nem sempre é fácil. Conviver, dialogar e lidar com os pontos divergentes, não são coisas simples, mas é o caminho da verdadeira amizade.

O mundo tem seguido cada vez mais solitário, apesar das festas cheias, ele deixa de construir relacionamentos sólidos e concretos. A superficialidade invadiu o nosso cotidiano, ensinando que o segredo é esperar que tudo caia do céu, um ensino equivocado, diga-se de passagem.

As amizades verdadeiras, as dificuldades e os esforços nos ensinam, nos moldam e nos dão resiliência. Quando aprendemos que construir é trabalhoso, mas que o resultado é duradouro, percebemos a superficialidade do mundo e entendemos porque a sociedade caminha cada vez mais em direção as contradições.

Deus nos livre de um mundo de quantidades, de superficialidades e felicidades abstratas. Que possamos aprender que ter amigos verdadeiros nunca foi sinônimo de quantidade e sim, do quanto você está disposto a se doar.

No final, a solidão demonstra nosso egoísmo, revela uma quantidade grande de individualismo de pessoas que acreditam que o mundo deve seguir segundo seus pontos de vista. Não é possível cultivar uma amizade sendo egoísta, ou você aprende a compartilhar e a respeitar uma opinião oposta, ou caminhará sempre só, cercado apenas de conhecidos ao invés de amigos.

BIBLIOGRAFIA

PONDÉ, Luiz. Felipe. A era do ressentimento. 2. ed. São Paulo: Globo Livros, 2019.

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