CORRUPÇÃO ENDÊMICA

Foi em meio a pandemia que coloquei em prática o costume de filtrar informações. Ao fazer isso, percebi como o excesso de más notícias nos tocam. Para complementar o cenário de caos, a corrupção e a má gestão eram vistas em qualquer noticiário, ampliando ainda mais a sensação de falência que a pandemia tem nos trazido, produzindo em nossa vida, aquele desespero ou sensação de descontrole. E agora com a guerra, a sensação continua.

Não basta a pandemia, que já é destrutiva por si mesmo, precisamos nos proteger também do governo que deveria ajudar a população, uma função que eles esqueceram de exercer há muito tempo. No final, eu tenho que concordar com Pondé, quando ele escreve sobre a farsa da vida em sociedade e afirma que:

“Desempenhamos papéis de coadjuvantes num roteiro em que os protagonistas são sempre uns cretinos” (2020, p. 24).

E é esta sensação que tenho ao olhar para a nossa política, neste tempo todo. Parece que o sistema virou uma brincadeira, enquanto muitos perecem outros enchem os bolsos e se banqueteiam com o dinheiro da população. Na verdade, a corrupção e a má administração dos governos, sempre existiram, evidenciando um problema que até agora não foi resolvido. Vivemos em um país que não só possui uma política ruim, mas também com um sistema que favorece todo este caos.

Mas no mundo fora da política o cenário não é diferente. Principalmente quando vemos gente dita honestas, se aproveitarem de descuidos. Um troco a mais, um preço trocado, um furto dito inocente, com alguma justificativa qualquer. Como aquela velha explicação que eu já ouvi muito: “Ele tem dinheiro, não tem problema levar sem pagar”, como se isso justificasse um roubo.

É quando uma notícia figura a primeira página de um jornal, divulgando que alguém foi honesto suficiente para devolver algum dinheiro que não era dele, que eu percebo o quanto o país é corrupto. É quando o óbvio vira notícia que eu noto o quanto estamos perdidos. Com isso, ao olhar para a política, enxergo o óbvio, constato que ela é o reflexo da nossa sociedade. Se brincamos aqui fora, quem dirá na política, que termina por ser uma extensão da nossa sociedade.

Sou protestante o suficiente para não me impressionar com tais notícias e quando lembro do que Paulo falou é quando eu noto o quanto a Bíblia é verdadeira:

“Não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3:10) (JFA).

Este caos é uma constatação óbvia que a palavra de Deus já nos dá há muito tempo. O que me deixa triste, é a aparente apatia dos cristãos em todas estas situações. Penso que poderíamos fazer muito mais diferença, mas estamos preocupados com nossas prioridades. Só ajudamos o próximo que frequenta a nossa igreja ou quando ele é útil para algo no “reino”, como eles afirmam.

A corrupção é um fato em todos os setores da sociedade, mas o nosso exemplo deve ser também uma verdade, aquele sal e luz que ilumina e aponta para Deus. Se não formos diferença, justamente nós, que temos a palavra como norte, não sei quem mais vai olhar para a nossa sociedade e através da verdade, propor mudanças.

 Precisamos ser protagonistas nesta sociedade contraditória, mostrando através dos nossos exemplos, como existe um caminho de ética e verdade que constrói um mundo com menos injustiça. E tudo começa por nós, em nossas pequenas ações éticas, para terminar influenciando áreas mais altas.

Ou nos posicionamos como sal e luz, ou seguiremos sendo irrelevantes nos lugares onde nós atuamos!

BIBLIOGRAFIA

PONDÉ, L. F. Você é ansioso?: Reflexões contra o medo. 1. ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2020.

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