DESENFREADA VIDA

“O descanso é irmão da contemplação, enquanto a prosperidade é gêmea da ansiedade” (PONDÉ, 2019, p. 113).

Moro ao lado de um belo parque e nos dias em que eu tenho muitas coisas para fazer, eu tiro um tempo para caminhar na natureza, orar e relaxar, entre tantas coisas que podemos fazer nestes locais. Pode ser contraditório tirar um tempo justamente nos dias mais corridos, mas a questão é que as vezes a correria da vida, nos tira a concentração, as boas ideias ou a sanidade, que é justamente o que precisamos nestas horas.

Descobri na contemplação e no descanso, uma forma de me desligar deste mundo que não relaxa em minuto algum. Conseguindo assim, recarregar as baterias e descansar a mente de todos os estímulos desta nossa sociedade ansiosa. É durante a contemplação, o ócio criativo, ou mesmo durante uma pausa programada que nos recompomos.

A prosperidade, o excesso de atividades e trabalhos, nos tiram o equilíbrio, além de transformar a nossa vida em um ativismo maçante e constante, que só nos destrói e nos leva a falta de paz. É por isso que eu me obrigo a parar e relaxar constantemente, sendo este um dos hábitos que me protege desta ativista vida.

O segundo habito é colocar limites. Aprendi a viver com moderação e descobri o quão rico é uma vida moderada. Seja no consumismo desenfreado ou no ativismo constante. É preciso colocarmos limites, para que o que é bom, não vire um pesadelo. Pois o problema é, na maioria das vezes, o excesso. Ele tira não só a sua paz, mas também a criatividade, a vontade e a motivação de se dedicar a algo.

Veja bem, eu estudo, leio e escrevo muito, estas práticas já fazem parte da minha vida, mas procuro sempre ser comedido e separar um tempo para dar uma pausa, refletir, e contemplar o belo que nos cerca.

Fazer algo ou se dedicar a um sonho ou projeto, é algo muito bom e genuíno, a questão é quando aquilo norteia toda a sua vida, transformando você em um escravo daquela atividade.

Se você não aprender a colocar um limite em tudo, o próprio ativismo encarregará de empurrar você ladeira abaixo. Fazendo que você acorde em um poço, doente, sem paz e com muitos problemas.

 Sem limites ou mesmo sem um pouco de ócio, perderemos todo o nosso tempo para o ativismo, sem perceber a vida passar e com ela toda a nossa criatividade e sanidade.

Por isso eu sempre digo: “Se você não aprender a parar, a falta de saúde fará isso por você!”.

BIBLIOGRAFIA

PONDÉ, Luiz Felipe, Filosofia do cotidiano: Um pequeno tratado sobre questões menores, Editora Contexto, São Paulo, 2019.

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