SOBRE A FALSA LUTA DE CLASSES

Algumas ideias surgem de tempos em tempos com o intuito de se mostrarem salvadoras, principalmente quando o mundo está enfrentando algum problema. Sendo que foi em um contexto semelhante que a filosofia de Karl Marx surgiu, ela pretendia se mostrar a única salvação. Marx acreditava ter descoberto as leis que culminariam ao total fracasso e derrota do capitalismo para que o socialismo tivesse a sua ascensão (MISES, 2016, p. 11).

O tempo já nos mostrou como algumas políticas “salvadoras” são perigosas. Não existem soluções mágicas e muito menos receitas inerrantes para salvar a humanidade. Por sermos limitados é possível focarmos na solução, sem vermos nossa contradição.

A contradição de Marx é primeiramente, do âmbito lógico. Ele lutava contra os burgueses, sendo ele e o seu grande parceiro, dois burgueses. Ele avaliava a situação, sem estar no mesmo contexto ou mesmo sem buscar perceber a complexidade da realidade. 

Apesar da não ter dinheiro, Marx se sustentava com a ajuda de seu parceiro Engels e de sua esposa, filha de um nobre. Ele mesmo estava longe de ser um proletário, já que era filho de um próspero advogado. E Engels era um homem muito rico, mostrando assim que os dois estavam longe de serem o que afirmavam ser. Estes dois que acreditavam que um burguês pensava muito diferente de um proletário, terminaram por se justificar afirmando que alguns membros da burguesia haviam acordado, se unido as outras classes. Uma afirmação que servia como justificativa, já que a posição deles não era confortável por serem burgueses (MISES, 2016, 32).

E é possível vermos este mesmo fenômeno acontecer em outros lugares ao vermos pessoas proporem soluções mágicas para a sociedade, sem entenderem o contexto no qual estão falando. Não que eu acredite que apenas quem passou por certas situações pode opinar. E sim que, muitos falam ou propõem soluções sem conhecer. Um médico trata de doenças que ele mesmo nunca teve, contudo, ele estudou e conheceu as enfermidades no qual trata.

Outro ponto interessante, discutindo ainda a questão de classes é que Marx acreditava que os proletários deveriam seguir os interesses de sua classe, o que fica difícil de entender é, por que a classe proletária pensa de modo tão diverso? Não há isonomia de pensamento, como Marx acreditava existir. Ludwig Von Mises complementa, pontuando que:

“Se os proletários devem pensar de acordo com os “interesses” de sua classe, como explicar quando existem desentendimentos e divergências entre eles? A confusão torna a situação muito difícil de esclarecer. Quando há divergências entre proletários, eles chamam a pessoa que diverge de “traidor da sociedade” (2016, 44).

O interessante é que ideias opostas não eram e ainda não são aceitas pelo comunismo, ou você aceita o pensamento padrão, o senso comum, ou você é visto como um traidor. É como se ninguém pensasse e muito menos tivesse o direito de apontar outras soluções ou mesmo mostrar pontos deficientes de uma forma de pensar.

Por fim, ao verificarmos o resultado da ideia de Marx nos vários regimes comunistas que já surgiram até agora, percebemos que nada mudou, tudo era semelhante ao capitalismo. Sempre existiu uma cúpula que comandava. Os burgueses, que tal qual o burguês Marx, viviam fechados em suas classes sociais, desfrutando das regalias de um país que vivia da exploração do pobre e de outro lado havia a classe trabalhadora. Não vou discutir se o capitalismo é bom ou ruim e sim que, não havia e nem há nada de diferente entre os governos capitalistas e os comunistas. A luta de classes era apenas desculpas para tomar um determinado poder e perpetrar um determinado regime político.

Temo toda e qualquer ideia que se mostre impositora, que queira forçar um pensamento. E também não consigo acreditar em soluções rápidas e mágicas. Na maioria dos casos, precisamos discutir muito, refletir, errar e acertar para conseguirmos assim propor soluções coerentes.

Quem crê em respostas mágicas no fundo não se informou e refletiu sobre o assunto, terminando por muitas vezes simplificar problemas que são muito mais complexos do que imagina ser!

BIBLIOGRAFIA

MISES, Ludwig. Von. Marxismo Desmascarado. 1. ed. Campinas: Vide Editorial, 2016.

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