“Grupos de pessoas são pedras sendo limadas e roladas pelo exercício da convivência” (KARNAL, 2021, p. 54).
Somos seres únicos e mesmo os amigos com gostos semelhantes, que possuem costumes e estilos parecidos com os nossos, possuem suas diferenças. A única coisa que certamente temos de igual é a nossa diferença. Não existe duas pessoas completamente iguais, as distinções com o tempo aparecem mesmo entre semelhantes.
E estas características são essenciais em nossa convivência. O desafio de ter amigos, nos testa e nos ensina a respeitar, a refletir, a ter contato com o diferente, além de nos ajudar a aprender a lidar com o pensamento oposto. É claro que tudo tem um limite, o atrito e as diferenças são importantes, desde que não sejam exageradas e extremas.
Nós crescemos muito aprendendo a lidar com as diferenças, a convivência ou a comunhão, que nós cristãos constantemente estamos experimentando, nos ensina e nos aperfeiçoa. É convivendo com o próximo que aprendemos a ser equilibrados, empáticos e respeitosos quanto ao pensamento oposto.
Em uma amizade não é possível excluir a pessoa, muito menos bloquear e deixar de seguir, como normalmente alguém faz nas redes sociais. Ou você aprende a respeitar e transitar entre os pensamentos diferentes ou você terá que se retirar do convívio social e viver em uma caverna, como um misantropo. E se formos justos e percebermos que todos nós temos estas diferenças, nos dedicaremos a aprender a lidar com o semelhante, justamente porque o próximo deve também fazer o mesmo conosco.
É uma via de mão dupla, precisamos respeitar as diferenças justamente porque eu também tenho minhas diferenças. Estamos sempre convivendo e nos relacionando, seja em uma amizade ou comunhão com os irmãos na igreja, consciente ou inconscientemente, precisamos lidar com as pessoas e suas distinções.
A parte ruim das redes sociais é justamente este sentimento de amizade descartável, os amigos são superficiais, visto que ao menor sinal de diferença, eu posso com um click, me separar da pessoa. Os atritos e o pensamento oposto são evitáveis. Sendo que eu não acredito que em uma sociedade tão plural como a nossa, onde o diferente deva ser evitado. Penso bem diferente disso, creio que aprender a conviver com a pluralidade é fundamental, é a atitude de alguém realmente centrado e inteligente.
Conviver é uma arte, saber transitar entre o pensamento oposto e ter a habilidade de refletir e entender aquele pensamento, é a atitude da pessoa sábia, que entende que o mundo e a vida são complexos. Aceitar o ponto de vista no qual não acreditamos, não é propriamente dito, acreditar naquilo e sim, conhecer outro ponto de partida e respeitar.
Quanto mais conhecemos, melhor conseguiremos conviver com as diferenças e pensamentos divergentes, que existem mesmo dentro da igreja e entre irmãos que professam a mesma fé.
Somos limados e aperfeiçoados durante a convivência, é justamente aquele que pensa de forma diferente que me ajudará a crescer e a aparar as arestas da minha vida. A arte de conviver e estar em comunhão é a habilidade de também crescermos e aprendermos com as diferenças uns dos outros.
BIBLIOGRAFIA
KARNAL, Leandro. O dilema do porco-espinho: como encarar a solidão. 14. ed. São Paulo: Editora Planeta, 2021.
