A DISCIPLINA DO SILÊNCIO

“Um dos meios de nos educar para a simplicidade é pela disciplina do silêncio” (FOSTER, 2008, p. 134).

Conheci alguém que deixava a televisão ligada o dia inteiro. Tendo alguém assistindo ou não, a telinha estava sempre ativada. A justificativa dela era que ela precisava estar sempre ouvindo algo enquanto estivesse em casa. Um costume que reflete um pouco o seu interior barulhento. Se você não consegue se relacionar com o silêncio, possivelmente, o barulho dentro de você deve ser muito mais alto do que o som a sua volta. Quando falamos em silêncio, discorremos tanto sobre os barulhos externos quando os internos.

O silêncio é uma prática que podemos aprender a cultivar e eu sei que para alguns é muito mais fácil do que para outros. Eu mesmo gosto do silêncio, consigo passar horas ouvindo a melodia do silêncio aproveitando estes momentos. Mas conheço pessoas que não suportam o barulho do silêncio, se sentem agoniadas em um ambiente sem som.

Considero reconfortante estar em silêncio, sendo que é neste momento que aprendemos a calar os barulhos internos e nos acalmar, já que não adianta ter o exterior silencioso e o interior barulhento. Muitas das minhas orações foram períodos de silêncio, em momentos nos quais eu nem conseguia falar, por isso, deixava o meu interior falar e me entregava a Deus.

Acalmar a mente antes de falar com Deus é fundamental, aprender a se aquietar e agradecer as vezes é a melhor opção. Orar é muito mais uma entrega, um momento de intimidade e rendição. A oração não se resume apenas em soltarmos uma torrente de palavras.

A arte do silêncio é entender que o excesso é sempre prejudicial e que parar, refletir e se acalmar é fundamental. Aprender a estar em silêncio é entregar o controle, é perceber que não comandamos nada a nossa volta, sendo que é só assim que realmente confiamos em Deus.

Separe um tempo em sua casa, de preferência em um horário onde o ambiente esteja bem quieto, no meu caso, como eu acordo bem cedo todos os dias, eu separo a minha manhã. Depois sente em uma posição confortável e busque o silêncio. E caso algo passe por sua mente, deixe o pensamento seguir, não o segure.

Comece separando um tempo curto, caso você seja alguém que não vive sem os estímulos das redes sociais e aos poucos, siga aumentando os períodos de silêncio. A meditação e a solitude, servem justamente para isso, nos acalmar, nos desligar dos excessos e dos inúmeros estímulos.

Em meio a minha solitude eu penso, escrevo, leio e descanso, visto que o silêncio é revigorante. É durante o silêncio que passamos a ouvir, a perceber todos os detalhes e terminamos também por exercitar a nossa capacidade de ouvir alguém, sem pensar em falar o tempo todo. É comum encontrarmos pessoas que ouvem apenas para responder e falam sem parar, por isso que exercitar a nossa capacidade de ficar em silêncio é imprescindível.

No afã de controlar, falamos sem parar, perdendo assim todos os detalhes que são relevantes. Por isso que a disciplina do silêncio é um hábito essencial, é o caminho daqueles que querem realmente ver e ouvir, sem se perderem nas torrentes de palavras.

BIBLIOGRAFIA

FOSTER, Richard. A liberdade da simplicidade: Encontrando harmonia num mundo complexo. São Paulo: Editora Vida, 2008.

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