VIDA INSATISFEITA: QUANTIDADE NÃO SIGNIFICA QUALIDADE

“A atenção do mundo assemelha-se à da mosca, que, com centenas de olhos focados em centenas de objetos, nunca se estabiliza, nunca descansa e vive apenas para o momento” (FOSTER, 2008, p. 235, 236).

Eu sou uma pessoa avessa a ambientes cheios, prefiro sempre locais mais simples e enxutos. Um shopping, por exemplo, me deixa cansado por causa dos excessos de estímulos e pessoas. Uma boa festa, no meu ponto de vista, são aquelas com poucos amigos, onde o diálogo é possível e onde não há um milhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo.

O problema dos muitos estímulos desta vida, que muitas vezes é calcada na quantidade, é a falta de oportunidade para conseguirmos aproveitar algo. A quantidade e os excessos, nos dão uma falsa sensação de uso, pois na verdade, você apenas tem, sem aproveitar realmente tudo o que adquiriu. Esta é a minha crítica aqueles que só tem, mas não aproveitam. O mesmo se aplica aos ambientes cheios, com excessos e muitos estímulos, você não desfruta realmente da companhia das pessoas. É uma falsa sensação de relacionamento.

É como a epígrafe diz, quanto mais coisas, mais instáveis ficamos e terminamos em viver só aquele momento. Sem descansar e desfrutar realmente de algo. Com isso, muitos seguem só comprando, transformando a compra em uma fuga dos estresses que o próprio mundo e as escolhas de vida que esta pessoa fez traz. Ao invés de consertar o problema, ela desabafa criando mais problemas ainda, transformando a sua vida em uma bola de neve de caos e confusão.

Quem vive para as coisas, vive para aquele objeto, sem realmente saborear os seus dias. Os excessos fazem isso com a gente. Nos tiram a paz e a capacidade de seguirmos satisfeitos. A insatisfação muitas vezes surge justamente por conta dos excessos, que não acrescentam a nossa vida, nos deixando incompletos. A mente insatisfeita é aquela que só quer as coisas e se esquece de aproveitar e ser grato por tudo.

O propósito da vida simples e da busca por equilíbrio é justamente incentivar as pessoas a viverem um dia de cada vez, a aproveitar o que tem seguindo calcado no hoje. Não há problema algum em ter, em comprar e realizar os nossos sonhos, o problema é apenas ter, sem viver e desfrutar dos momentos que se vão rápido.

Aprenda a parar, se desligar dos estímulos constantes, descubra também que é legal refletir sobre o que você tem, e pensar se você precisa realmente adquirir mais coisas. Aprenda a usar as suas coisas e só comprar o que você realmente precisa, guardando espaço da sua casa, para as coisas úteis. Quantas tralhas que você já adquiriu, mas nunca usou? Pense sobre isso e aprenda a ter consciência na hora de comprar.

Nenhum excesso é benéfico, menos é sempre mais, parafraseando uma frase que ouvimos muito na música, por isso, aprenda a desfrutar do que tem, e não transforme o hábito de comprar, em um hábito automático, realizado sem qualquer reflexão. Pois corre o risco de você ficar com a sua casa cheia de bugigangas, mas sem as coisas que realmente importam. 

BIBLIOGRAFIA

FOSTER, Richard. A liberdade da simplicidade: Encontrando harmonia num mundo complexo. São Paulo: Editora Vida, 2008.

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