UM BREVE ENSAIO SOBRE A TRISTEZA

O dia era realmente de tristeza, perder alguém que amamos, nunca é fácil. Por isso relembrei alguns momentos felizes que eu vivenciei com esta pessoa e chorei, já que nunca mais vivenciaria tais episódios com ele. Já perdi muitos parentes para deixar de entender que a tristeza, para quem ama é um sentimento natural.

Algumas frases ditas em tempos complicados são ilógicas e descontextualizadas e é no luto ou quando passamos por problemas, que percebemos isso. Considero realmente bizarro alguém acreditar que não devemos nos irar, quando alguém nos afronta ou não ficarmos tristes diante de uma perda. É como se a pessoa quisesse que não fôssemos humanos, agíssemos de forma mecânica e sem emoções. É muito comum encontrar pessoas tentando combater sentimentos legítimos e naturais em todos os seres humanos. Como se a raiva, o medo e a tristeza não fossem naturais.

Nós seres humanos vivenciamos várias sensações durante a nossa vida, como uma resposta natural ao que acontece em nosso entorno. Ser contra tais sentimentos é estranho e anormal. O que precisamos aprender é não sermos ancorados pelo medo e muito menos deixar que a tristeza vire algo doentio, mas desejar não sentir é ilógico.

A tristeza e o amor são totalmente interligados, quem ama, fica triste, quem realmente gosta de alguém, quando perde, certamente sentirá tristeza. Assim como aqueles que não amam, não conseguem sentir tristeza ao perder o contato com uma pessoa. A indiferença é o sentimento de quem não gosta, já a tristeza revela o amor, diante da falta (ARANTES, 2021, p. 47). Ana Claudia Quintana Arantes explica muito bem está verdade acrescentando que:

“Só sentirá tristeza quem amou. Às vezes amamos a pessoa errada, o projeto errado, o trabalho errado, a realidade errada, mas amamos! E quem experimenta o amor experimenta também a tristeza” (2021, p. 47).

Apesar de preferir usar a palavra amor apenas para relacionamentos e amizades, a citação tem o seu fundo de verdade. Só nos decepcionamos quando gostamos de algo ou amamos verdadeiramente alguém. Ninguém se decepciona com algo que não lhe toca.

Eu desconfio dos intocáveis, daqueles que sempre estão alegres, dispostos a fazer tudo e nunca estão tristes. Ou tal sentimento é falso, é um disfarce para não mostrar seus problemas e inseguranças, ou mesmo tal pessoa não está percebendo a complexidade da vida, está ignorando a dor. O mundo é demasiadamente duro para estarmos motivados a todo o tempo.

Em contrapartida, quem está sempre com um humor ruim, que possui uma visão pessimista e amarga de tudo, também tem problemas. A vida não é só problemas, basta olhar, agradecer e perceber a mão de Deus nos guiando. São dois extremos perigosos, calcados em pontos de partidas simplistas e fracos.

Quando eu estou triste, termino por refletir mais, meditar sobre a vida que estou vivendo e as minhas escolhas. Já a alegria, me dá motivação para fazer as coisas, embora a euforia muitas vezes não permita vermos os detalhes da caminhada.

Por isso que aprender a vivenciar tais momentos, extraindo deles o máximo de lições possíveis, é fundamental, e para isso, precisamos aprender a não fugir e muito menos disfarçar os momentos de tristeza, aproveitando as horas de silêncio para meditar e pensar.

A vida é para ser vivida, por isso, não disfarce e aprenda a lidar com todas as fases da sua vida de modo sincero e inteligente!

BIBLIOGRAFIA

ARANTES, A. C. Q. Pra vida toda valer a pena viver: Pequeno manual para envelhecer com alegria. 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2021.

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