OLHAR ALTIVO: O ORGULHO E A VIDA CRISTÃ

Costumo perceber ao chegar em um ambiente, como as pessoas me olham. O olhar fala muito e revela como alguém enxerga o seu semelhante. Você pode fingir, tentar atuar para agradar as pessoas, mas o nosso corpo e as nossas expressões podem revelar um sentimento contrário ao que estamos expressando.

O olhar humilde é acolhedor, nos faz sentirmos que somos aceitos em determinado local. Já o olhar arrogante, que insiste em nos medir, como se não fossemos bons o bastante para estarmos no recinto, espanta, separa e divide.

A igreja é um local de refúgio, é um ambiente onde a humildade deveria falar mais alto e também onde todos deveriam ser aceitos e acolhidos como são. Somos mordomos, servos de Deus, com isso, acolher como a graça nos acolhe, é um princípio básico para todos os cristãos.

Nestas minhas andanças ao sair da igreja no qual havia sido membro há muitos anos, visitei muitas comunidades e com isso, pude notar como alguns lugares carecem desta humildade que a graça nos dá. Olhares julgadores, orgulhosos e com falta de abertura, foi o que eu mais percebi. É claro que não foram em todas as igrejas, mas em uma boa parte delas.

Há comunidades onde perguntar o seu sobrenome é comum, para verificarem se você é realmente um descendente legítimo de determinada etnia, em outros as suas roupas e carro são avaliados. Atitudes que considero muito negativas, mesmo feita sem maldade, visto que ela segrega e separa as pessoas.

O corpo de Cristo não tem etnia e nem classe social, somos cidadãos do céu, o nosso reino não é deste mundo, estamos só de passagem. Com isso, receber a todos, independentemente de onde uma pessoa nasceu é um ponto de partida fundamental. Santo Agostinho acrescenta:

“Os que amam a Deus e fazem a sua vontade, formam com ele uma só família, da qual Deus é o Pai. Serão pais uns dos outros, quando deles cuidam; filhos, quando se aceitam mutualmente; mas serão especialmente irmão. Isso porque o testamento de um único e mesmo Pai os chama à mesma herança (2021, p. 115).

Precisamos ter consciência e fugir da altivez, que é uma atitude contraditória com a palavra. A vida cristã e a arrogância, não combinam. A mesma graça que nos salvou, termina por ser as lentes nos quais vemos o próximo, ou pelo menos deveria ser assim. Por isso que o orgulho não deve ter o menor espaço na vida de um cristão.

Cultuamos um Deus que se fez carne, que conviveu com os mais diversos e complicados tipos de pessoas. Só este fato já nos deveria levar a termos uma vida humilde.

Tudo o que temos e somos, devemos a Deus, por isso, a humildade deve ser o nosso ponto de partida e o holofote que aponta para a misericórdia de Deus.

BIBLIOGRAFIA

AGOSTINHO, Santo. A verdadeira religião; O cuidado devido aos mortos. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2021.

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