Um certo dia precisei ir ao centro da cidade resolver alguns problemas. E em um determinado momento, me deparei com dois homens conversando realmente alto. Eles falavam sobre um morador de rua sentado em uma calçada do outro lado do caminho. A frase era curta e o julgamento que uma das pessoas fez ressoou em minha mente por muito tempo, o cidadão dizia, apontando para o mendigo: “Estas pessoas estão na rua, passando necessidade, porque são fracas”.
Olhar para alguém que está em uma situação bem diferente da sua ou que possui uma realidade financeira bem abaixo do que a sua realidade e emitir um juízo de valor, não é justo. Principalmente se você nunca vivenciou aquela situação ou não conhece aquela realidade. Outra coisa muito importante que precisamos entender é que não é inteligente colocar todas as pessoas em uma mesma realidade e fazer uma conclusão geral sobre eles. Cada um tem a sua história e suas particularidades. E apesar de crer que alguns vivem na rua por estilo de vida, e isso existe, por mais que soe estranho, esta não é a realidade de todas as pessoas. Existem histórias, intenções e muitas vezes freios, que seguram alguns, impedindo que avancem mais em suas realidades.
Quando eu vejo alguém concluir e opinar sobre um assunto desta forma, calcado em muito senso comum e opiniões simplistas, é quando eu acabo por ter certeza da insistência do ser humano em se abster de se informar. É evidente a falta de repertório de uma pessoa assim.
Todos nós temos uma opinião sobre um assunto ou fato, já reparou nisso? Olhamos alguém, lemos uma notícia ou vemos algo acontecer e já emitimos um juízo de valor. O ser humano é alguém que está sempre pensando, o que ele não costuma fazer é se informar antes de emitir o seu ponto de vista, com isso, ele argumenta tendo como ponto de partida apenas as suas informações, e em alguns casos, isso não é suficiente. É preciso buscar mais, para conseguir falar melhor e não falar bobagem.
Concluir sobre alguém, avaliando apenas o estilo das suas roupas, orientação sexual ou escolhas pessoais, é complicado. Existe uma história por trás das pessoas, uma batalha que só quem está passando consegue refletir. O mundo de alguém muitas vezes fica escondido em nossa ignorância e falta de vontade de conhecer mais outras realidades.
O senso comum insiste sempre em impor as suas opiniões. A maioria que segue esta linha de raciocínio, crê em um universo fundamentado em projeções pessoais, que são injustas por si só.
Quando você vive um pouco mais, você percebe que até as pessoas mais fortes, são derrubadas pela vida, pelos problemas e situações que nos pegam de surpresa. Viver não é uma arte tão simples assim, não é à toa que inclusive pastores e cristão realmente relevantes, acabam desanimando por conta dos problemas da vida. E alguns, como vimos alguns anos atrás, até tiram a sua vida.
É fácil olhar para o próximo e emitir um juízo de valor, agora, estar naquela situação já é outra realidade, por isso que, nos demorar em emitir uma conclusão é a ação mais sábia que podemos ter. É melhor se informar, tentar ajudar, do que concluir com uma reflexão simplista como esta.
Lembre-se que é sempre muito mais fácil resolver os problemas dos outros, principalmente quando não estamos vivenciando aquela realidade. O desafio é resolver nossos problemas. Por isso, se abstenha de condenar as pessoas e não se esqueça que todos nós temos as nossas dificuldades.
“Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês”. (Mateus 7:2).
