COMPANHEIRO DE HUMANIDADE

“A compaixão nasce quando descobrimos no centro da nossa existência não só que Deus é Deus e humanos são humanos, mas também que nosso próximo realmente é nosso companheiro de humanidade” (NOUWEN, 2020, p. 61).

A real conversão acontece quando somos encontrados por Deus e este encontro nos traz vida. Somos salvos e transformados por um Deus de amor, que também é muito poderoso. Contudo, não é só isso, ao sermos encontrados por ele, percebemos o quão miseráveis somos e isso vai refletir (ou pelo menos deveria) no modo como vemos e tratamos o próximo.

Ao descobrir que sem Deus não sou nada e que ele é único e o centro de toda a minha vida, entendo que todos os seres humanos são iguais a mim. Pecadores, miseráveis que carecem da graça de Deus. E assim como eu fui alvo da misericórdia de Deus, a minha atitude deve ser igualmente misericordiosa, uma ação amorosa que revela a graça de Deus em minhas ações. Além de me mover a levar a palavra de Deus as pessoas através da minha fala e o meu exemplo de vida.

É comum vermos cristãos falando como se fossem especiais, como se a graça de Deus que transformou a sua vida, tenha feito dele alguém superior aos outros. Sendo que a lógica do evangelho é justamente oposta.

Precisamos entender que ter compaixão do próximo é básico para quem é cristão, já que fomos alcançados através desta mesma graça. Amar o próximo, perdoar e ajudar, deve ser o primeiro princípio de quem é nascido de Deus. A Bíblia diz em 1 João 4:7 que:

“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”.

Somos companheiros de humanidade, como otimamente colocou Henri Nouwen na epígrafe do texto. E isso não nos faz superiores, e sim mais tolerantes. A diferença apenas é que alguns foram encontrados pela graça de Deus e outros não (ou ainda não).

Somos, certamente, pessoas falhas que erram muito, tomam decisões equivocadas e pecam. Entender tal premissa está intimamente ligado a como eu entendo a graça de Deus. Se percebemos a grande dimensão da graça e o tamanho da misericórdia de Deus, certamente respeitaremos o próximo e desenvolveremos a compaixão.

A Bíblia é clara quando diz que a pessoa que caminha na luz, mas que detesta o seu irmão, na verdade está em trevas. Já quem ama, com certeza anda na luz (1 João 2:9-10). O modo como olhamos para as pessoas e como agimos com elas, define muita coisa em nossa caminhada e demonstra se o nosso ponto de partida é a graça ou não.

Quem busca sempre ter uma ação positiva com o seu próximo, aquele que cultiva a tolerância, o respeito e sempre está pronto para ajudar, entende a dimensão do que Cristo fez da cruz e a profundidade da graça, com isso, não deixa de ter compaixão.

A nossa atitude positiva surge da consciência do que Jesus fez naquele madeiro por nós. Não é difícil amar, quando compreendemos, pelo menos um pouco, o amor de Deus por nós!

BIBLIOGRAFIA

NOUWEN. Henri. O curador ferido: Ministério na sociedade contemporânea. 1. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2020.

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