A ARTE DE EVANGELIZAR

Eu sempre acreditei que o meu dom não era o de evangelista. Sempre tive receios de impactos evangelísticos, por considerar alguns um pouco extremos e exagerados. Por muito tempo acreditei na evangelização natural, na conversa, no bate papo sincero durante o desabafo de um amigo. Pois, evangelizar é muito mais do que fazer um grande barulho no bairro.

Há muito tempo eu entreguei a minha vida a Deus, eu aceitei a Jesus, como normalmente é falado na Igreja. Para oficializar está decisão, normalmente você vai até ao púlpito, na parte da frente da igreja e faz a sua confissão de fé. Depois disso, você é um cristão, em um processo simples e rápido de conversão.

É comum vermos cristãos focarem no apelo, quando fazem um evento ou culto evangelístico. Existem pastores e líderes que acreditam que fazer o apelo é a parte mais importante destas reuniões. O problema é que evangelizar não é isso. J. Mack Stiles, no livro Evangelização, define bem o termo para nos ajudar com o significado da palavra:

“Evangelização é o ensino (anúncio, proclamação, pregação), do evangelho (mensagem de Deus que nos conduz à salvação) com o objetivo (esperança, desejo, meta) de persuadir (convencer, converter) (2015, p. 30).

Evangelizar é proclamar a palavra e ensinar, e não simplesmente levantar a mão e ir receber uma oração do pastor. Sempre que falamos do evangelho para alguém, na verdade, estamos ensinando a palavra da verdade, além de estarmos também proclamando. Ensinar a sã doutrina deve ser a principal prioridade em um momento de evangelização, sendo que tal prática vai muito além de um impacto evangelístico. É claro que uma tarde evangelística no bairro é importante, mas precisamos entender os outros passos, para que a ação tenha frutos, e ensinar é um desses passos. Mack Stiles novamente complementa:

“O mais importante, no entanto, é lembrar-se de que o evangelho precisa ser ensinado antes que alguém possa se tornar cristão” (2015, p. 35).

É comum a igreja pecar na falta de ensino, eles dão ênfase na proclamação, e quando alguém aceita Jesus, muitos creem que o trabalho está concluído, e não está. Na verdade, é neste momento que o trabalho começa, que o discipulado deve acontecer e o ensino deve ser bem pontual, para que assim, o convertido possa se tornar um seguidor de Cristo. 

Quando eu era novo eu era muito religioso, eu acreditava que ir a Igreja era uma das principais missões do cristão. O curioso era que eu mal conseguia explicar a minha fé e o motivo pelo qual eu havia sido salvo, eu frequentava a igreja, apenas isso. Aprendi muito pouco do evangelho onde eu congregava e segui muitos conceitos duvidosos, tudo e porque, eu achava que ir a Igreja já era o bastante. Quando eu lia a Bíblia, não entendia tanto, e terminava por não me aplicar ao estudo e a compreensão da palavra.

Ser cristão é seguir o exemplo de Cristo, mas para isso, eu preciso ler, estudar e procurar entender a Bíblia. Não tem como nos intitular cristãos, sem conhecer o evangelho. Por isso que ensinar e discipular os novos convertidos, é um passo fundamental que a igreja deve dar.

Muitos acabaram transformando estratégias em evangelização, sendo que, se não houver ensino, não há evangelismo, ensinar é o principal objetivo do evangelismo, sendo que a conversão é a consequência de tudo.

A arte de evangelizar começa com a proclamação do evangelho, mas também com o ensino. Proclamar é também ensinar, mostrar na palavra de Deus os pontos fundamentais da fé cristã.

Não podemos parar o processo de evangelização no momento que alguém aceita Jesus. É preciso continuar, ensinar esta pessoa sobre o evangelho e sobre quem é Cristo, caso contrário, seremos apenas frequentadores ou religiosos que mal saberão dar a razão da sua fé (1 Pedro 3:15).

BIBLIOGRAFIA

STILES, J. Mack. Evangelização: como criar uma cultura contagiante de evangelismo na igreja local, 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2015.

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