O CRISTÃO E A VIDA INTELECTUAL

Nem sempre o estudo é levado a sério pelos cristãos. Estudar ou ser alguém que é relevante no meio acadêmico, produzindo conhecimento ao mesmo tempo que trata questões da fé ou da apologética, como muitos filósofos e teólogos cristãos fazem, é algo visto por muitos como algo sem importância. Bom mesmo é aquela irmã que fica dando profetadas na Igreja, falando revelações que são frutos das suas emoções.

Um judeu é alguém que leva muito a sério a Bíblia. Eles estudam o texto desde a sua língua original, memorizam grandes porções do que nós chamamos de Velho Testamento e tal dedicação ao estudo, termina por também entrar em outras áreas da sua vida. Claudino Piletti e Nelson Piletti (2016, p. 27), no livro: História da educação, acrescentam que 20% dos ganhadores do prêmio Nobel e mais ou menos um terço dos alunos de Harvard, são judeus. Como o estudo é algo comum em suas vidas religiosas, ele transcende a religião e vai para outras áreas do conhecimento.

Na Igreja, o Anti-intelectualismo é um problema muito grande, sendo que o estudo é visto por muitos cristãos como algo carnal. E muitos usam a própria bíblia, de forma descontextualizada, por conta da falta de estudos, para embasar tal pensamento.

Deus não só nos fez racionais, mas também nos deu um livro, um texto sagrado que precisamos meditar e estudar continuamente. Em Atos 17:11 temos o exemplo dos Bereanos, que ouviam a pregação e conferiam tudo o que era falado na palavra.

“Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”.

Ouvir e conferir na palavra o que é ensinado é uma atitude nobre e sábia. Isso não denota falta de fé e sim, preocupação com o que é ensinado. Todos aqueles que possuem a preocupação de ter a vida pautada no evangelho, deveriam ter a mesma atitude que os bereanos tiveram.

Examinar as escrituras e buscar fundamentos é um bom princípio para a vida intelectual no meio cristão. E aos poucos, é possível após consolidar tal hábito, penetrar em outras áreas do saber, sendo um cristão relevante, que se posiciona, reflete e busca propor respostas, por possuir justamente este princípio.

O Anti-intelectualismo é contraditório, pois começa com o fato de que nós não precisamos conhecer a palavra e muito menos, buscar embasamento bíblico, que muitas vezes é usado de forma errada, pela própria falta de estudo e conhecimento. Estudar, conhecer e se aprofundar no texto é primordial para um cristão e um hábito muito espiritual, como costumo falar, visto que você estará se aprofundando na palavra de Deus, no texto que ele nos deu para lermos, conhecermos e nos aperfeiçoarmos. Jesus foi o primeiro a nos dar um mandamento importante sobre isso:

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento” (Marcos 12:30).

Neste importante mandamento, Cristo nos orienta a buscar conhecê-lo, com as nossas forças, coração e entendimento. Uma prática que pode ir muito além da palavra ao construirmos um hábito de estudar.

O intelectual cristão pode ser tanto uma pessoa versada na palavra, que conhece, entende dos principais pontos da fé cristã e coloca tais ensinos em prática, quanto alguém que procura ser um pensador relevante na sociedade. Uma pessoa assim pode ser um bom apologeta, que defende a fé dos muitos equívocos, até um erudito versado em outras áreas do conhecimento, mas que usa a sua mente para a glória de Deus.

A verdade é sempre oriunda de Deus, ele é a fonte e tudo quanto formos fazer, precisamos fazer sempre para a gloria de Deus. Por isso seja relevante!

BIBLIOGRAFIA

PILETTI, C.; PILETTI, N. História da educação: de Confúcio a Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2016.

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