O PROBLEMA DE JULGAR O PRÓXIMO

“O julgamento dos outros nos torna cegos para as nossas próprias falhas” (GRÜN, 1994, p. 62).

Conheci uma pessoa que era muito crítica, ele sempre percebia os defeitos de tudo e todos, para tal indivíduo era fácil notar as atitudes contraditórias das pessoas, ele só não conseguia perceber as suas. Segundo este crítico, todos estavam errados, menos ele.

É comum vermos muitos gastarem um bom tempo avaliando defeitos dos outros, em algumas rodas de conversa, fala-se apenas disso, de pessoas e suas falhas. O problema é não haver pelo menos um pouco de tempo gasto em avaliar a si e os seus pontos fracos ou mesmo, para falar sobre ideias. Lembrando que é muito melhor falar de ideias do que de pessoas.

Quem perde tempo quantificando problemas alheios, perde uma boa oportunidade de se autoavaliar, de pontuar seus defeitos, falhas e dificuldades para assim, buscar mudança.

Viver não é seguir julgando o próximo, nem crer na missão de consertar o mundo. Viver é olhar para si, é seguir na busca de mudanças que tragam aprendizados. A mudança começa sempre em nós, para depois, oferecermos a mão e conseguirmos ajudar o próximo com suas dificuldades.

É fácil avaliar o outro e pontuar várias críticas, principalmente quando estamos de fora de uma situação, vendo a pessoa apenas como observadores. O desafio é parar, pensar sobre nós, nossas atitudes e em como lidamos com as dificuldades. A autoavaliação é sempre desafiadora, sendo que esta prática deve ser constante, sem contar que sempre caímos no erro de nos avaliar de forma equivocada.

Cristo falou (Mateus 7:1 a 5) que muitos gastam seus dias para olhar o cisco nos olhos dos outros, sem perceber a trava em seus próprios olhos, parafraseando a passagem, e tal afirmação é muito verdadeira. Muitas vezes não percebemos nossas imensas contradições, mas somos mestres em ver os equívocos dos outros e com uma precisão admirável. Sobre este versículo, D. A. Carson explica que:

“Os v. 1-5 advertem contra a atitude de criticar outras pessoas sem verificar primeiro se nós mesmos estamos abertos à crítica […]” (2012, p. 1372).

Se a mudança não começar em nós, seguiremos sendo hipócritas, exigindo mudanças, mas não nos esforçando para assumirmos nossos erros. É fácil perceber os erros e dificuldades alheias, o desafio é tirarmos a trave dos nossos olhos e aceitarmos todas as nossas contradições.

O problema em julgar o próximo é que quase sempre não vemos nossas contradições antes de falar e por isso, terminamos sendo injustos, sendo que muitas vezes queremos julgar, mas não queremos ser julgados, não aceitamos críticas das pessoas, embora ofereçamos as nossas sem critérios.

Clamamos pela graça de Deus, oramos a ele pedindo a sua misericórdia, mas em meio ao nosso julgamento, esquecemos de toda a graça que Deus teve conosco.

Se você quer mudar o mundo, comece mudando a sua atitude, aparando as suas arestas, buscando sempre se reciclar. Aprenda a refletir e a aceitar as suas dificuldades e entenda que a dificuldade do outro, aos nossos olhos, é sempre mais fácil.

BIBLIOGRAFIA

GRÜN, Anselm. O céu começa em você: A sabedoria dos padres do deserto para hoje. 14. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1994.

CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova, 1 ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 2012.

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