HIPOCRISIA ON-LINE

Eu sou um indivíduo bem desconfiado quanto aos conteúdos da internet. Desconfio da bondade online ou de salvadores que usam a publicidade e precisam anunciar os seus feitos, com intuito de gerar engajamento. Normalmente o motivo é apenas este, o que se torna um grande problema.

Creio na bondade silenciosa, no bem praticado com a intenção de ajudar realmente alguém e não, nas atitudes feitas para gerar likes. Luiz Felipe Pondé fala algo realmente verdadeiro sobre a moral pública, quando ele diz que:

“A substância da moral pública sempre foi a hipocrisia, portanto não há nada de novo em se tentar fingir virtudes que não se tem” (2016, p. 127).

A motivação da moral pública sempre foi questionável, sendo que o ponto de partida, em uma boa parte das vezes, é a hipocrisia. Em um mundo onde conseguir engajamento é a prioridade, a hipocrisia termina por ser o melhor combustível. Vender uma imagem para gerar likes e engajamento nas redes sociais é se vender, usando o próximo como escada. É usar o problema do seu semelhante como trampolim para conseguir visualizações.

O bem verdadeiro, aquele feito para ajudar realmente os outros, não precisa de marketing visto que o ato em si é a principal motivação. A atitude já possui o seu significado próprio, que é ajudar alguém e ponto final. O bem público, já tem outro objetivo, que é espalhar aos quatro cantos do mundo, como alguém parece ser bom, sendo que isso não é bondade e sim, atuação, é um papel que alguém escolhe interpretar em nome de algum lucro.

Já participei que várias ações de igrejas, desde distribuir alimentos para moradores de ruas, até roupas e assistência pessoal, sendo que em tais ações, em momento algum foi usado o marketing. O propósito era levar a palavra de Deus e também um pouco de dignidade as pessoas. A bondade não faz alarde, ela é silenciosa e discreta.

Existem inúmeros heróis que dedicam a sua vida para ajudar o próximo, são anônimos que ajudam, sem querer outra coisa em troca. Não há segundas intenções, apenas o sincero desejo de ajudar. Já a moral pública vende um serviço e faz uma troca. É a ajuda, em troca de visualizações.

Portanto, desconfie sempre da moral pública e daqueles vídeos que as pessoas postam para apenas mostrar como elas são boas. Na maioria das vezes tais ações são atuações, mesmo que a pessoa afirme que está divulgando o vídeo apenas para influenciar as pessoas e levarem elas a fazerem o mesmo, pois os motivos normalmente não são estes.

O bem é discreto e não aguarda segundas intenções, a mão que você estende, não precisa de visualizações e muito menos likes. Ou você faz o bem pelo bem, ou a atitude será apenas um afago no seu ego

BIBLIOGRAFIA

PONDÉ, Luiz Felipe. Filosofia para corajosos. São Paulo: Planeta, 2016.

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