CONHECIMENTO E ENFADO

“Quanto mais se tem consciência da realidade, maiores são as chances da asfixiar a singeleza e o prazer” (CURY, 2006, p. 145).

Costumo estudar todos os dias, em uma rotina que já virou um hábito consolidado em minha vida. Gasto a minha manhã toda lendo, estudando e escrevendo. Tenho uma imensa satisfação em cultivar este importante momento, pois gosto muito de aprender, me aprofundar e escrever.

Aprender é muito gratificante, mergulhar no mundo do conhecimento ou mesmo da literatura, é sempre prazeroso. Embora eu tenha consciência que o excesso pode afogar o prazer e a capacidade de parar, meditar e admirar o belo. O autor de Eclesiastes já nos avisou sobre o excesso de conhecimento, por isso, é sempre bom tomar cuidado (Eclesiastes 1:18).

Quanto mais conhecemos, mais vemos e percebemos as coisas. Quanto mais estudamos, mais notamos a miserável condição humana. Em um mundo onde habita o pecado, quem consegue ver de forma um pouco mais clara, não vê coisa boa.

Por conta disso, eu sempre ensino meus alunos e amigos sobre a importância de parar. Praticar a contemplação, admirar o belo ou mesmo parar para ouvir uma boa música que é fundamental para recarregarmos as baterias e não sermos esmagados pelos excessos de atividades e pela vida real. A vida equilibrada, vivida com qualidade e coerência, é sempre a melhor. E sobre o equilíbrio, Abraham Joshua Heschel tem uma explicação bem inteligente sobre a vida e o equilíbrio, ele ensina que:

“A vida é comparada a duas estradas: uma de fogo e outra de gelo. “Se você anda por uma, será queimado e, se anda por outra, será congelado. O que se deve fazer? Andar no meio”” (2014, p. 62).

Manter o equilíbrio é a garantia de não colhermos resultados desastrosos e desmedidos. A vida fica um pouco mais simples e leve, quando cultivamos o equilíbrio.

Gasto também um tempo lendo livros de literatura ou livros leves e descontraídos. Costumo mesclar livros de estudo e pesquisa, que normalmente são mais densos, com obras mais tranquilas. Assim arejo a cabeça e não transformo o hábito de estudar em uma tortura ou em uma frenética e ensandecida pratica de pesquisa e estudo. O hábito de leitura e estudo deve vir para somar em sua vida ao invés de descontruir ou destruir o prazer.

Estudar, pesquisar e ler são hábitos ótimos, mas devem ser feitos com moderação e responsabilidade, pois um hábito desmedido, pode servir mais como desconstrução do que como construção do conhecimento. Aprenda a dar passos concisos, sem afobações e exageros, não podemos queimar etapas quando o assunto é construir conhecimento.

Não afogue o prazer, e use o estudo como um caminho para o crescimento e não como uma âncora!

BIBLIOGRAFIA

CURY, Augusto. Os segredos do Pai-Nosso a solidão de Deus: Um estudo psicológico da oração mais conhecida do mundo. 1. ed. Rio de Janeiro: sextante, 2006.

HESCHEL, Abraham Joshua. O schabat: Seu significado para o homem moderno. São Paulo: Perspectiva, 2014.

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