O AMOR EM PRÁTICA

Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo (Efésios 5: 28-30) (NVI).

Em nossa sociedade plural, como eu sempre falo, nem sempre o ser humano consegue pontuar o significado de um termo de forma coerente. Muitas palavras sofrem com as percepções falhas de uma época, sendo que a palavra amor é uma destas injustiçadas.

Amar, segundo a Bíblia é um mandamento (Mateus 22:37-39), não é só ver corações e ter um sentimento por alguém, é agir, fazer e ser, é cumprir um mandamento de Deus. No livro: O monge e o executivo, o autor conceitua o amor de uma forma que eu acho muito coerente:

 “[…] o amor é o que o amor faz” (HUNTER, 2004, p. 76).

O texto demonstra como amar é mais do que sentir, é uma atitude, uma ação e porque não, também um sentimento. O problema a meu ver é pensar que ele é só um sentimento. E é inevitável, quando falamos de relacionamentos, me lembrar da história de José e Maria, mãe de Jesus (Mateus 1:18-25).

A história começa com um fato, a virgem Maria, que era noiva de José, estava grávida. Imagine você ouvindo da sua noiva, a mulher que você ama, que ela estava grávida do Espírito Santo, o que você pensaria? O que você faria? Quando lemos a história de Jesus, nós nem nos atentamos para o papel de José e a sua atitude perante a gravidez de Maria.  

O noivado em Israel, tem um significado muito mais profundo do que significa para nós hoje. A sombra da lei, o noivado naquele tempo equivalia a um casamento, visto que a noiva já era considerada como uma esposa, segundo a lei da época (RIENECKER, 2012, p. 38).

E se a noiva durante este período, tivesse relações em outra pessoa, o fato seria visto como adultério, já que o noivado, como eu expliquei, já era uma espécie de casamento. Rienecker complementa:

“Quando uma noiva tinha mantido relações com outro homem que não o seu noivo, o direito judaico considerava esse fato como adultério. O adultério era castigado com a morte por apedrejamento, aplicado a ambos, ao homem e à mulher” (RIENECKER, 2012, p. 38).

Com isso, foi inevitável José ver a gravidez como fruto de um adultério. Lembre-se que Deus ainda não havia falado com José. Imagine a mente dele neste período, vendo a sua noiva, que até então era uma religiosa e tinha uma conduta pura, estar grávida.

Sobre a separação, poderia ser de forma pública, mas com isso, Maria seria apedrejada, ou mesmo privada, como José mesmo fez (Mateus 1:19). Neste caso, mediante um acordo, ele concederia a carta de divórcio e se separaria dela. Mas logo depois, Deus falou com José e ele entendeu o propósito divino (Mateus 1:20-21). Se ele fosse alguém impulsivo, certamente Maria teria problemas.

Em nossos dias o adultério não é algo normal, ser traído não é fácil, quem dirá em uma cultura como a de José. Por isso que ao ler a sua história, percebo como ele não foi impulsivo e como agiu de forma justa e sábia. Ele conhecia a sua esposa, sabia bem quem ela era, por isso, tal gravidez deve ter deixado José com a cabeça bem confusa, mas certamente ele foi sábio através das suas ações. Não foi à toa que Deus escolheu tal casal para a sua missão.

Amar é uma ação, é um jeito de ser, amar não é apenas algo abstrato, que fica no mundo dos sentimentos, é uma forma de se comportar perante o objeto do seu amor. É algo que gera frutos e uma ação visível e concreta.

José, durante toda narrativa bíblica da infância de Jesus, aparece como alguém que cuidou e amou desta forma, ele zelou pela família em meio as perseguições e protegeu a todos. Os sentimentos são inconstantes, mas a ação de amar não, ela permanece com as atitudes de amor.

Amar é uma ação, é mais do que palavras é um estilo de ser que demonstra o amor nas atitudes. Falar, qualquer pessoa fala, mas amar de forma genuína, não é para qualquer um.

BIBLIOGRAFIA

HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de janeiro: Sextante, 2004.

RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2012.

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