O senso de direção é algo aplicado apenas a vida aqui na terra ou em qualquer outro lugar semelhante. Quando falamos do espaço sideral, conceitos como em cima ou embaixo, perdem o sentido, visto que o espaço é uma imensidão que parece não ter fim e lá não tem lado, muito menos frente e atrás. Nós só temos noção de direção, quando possuímos uma referência que no nosso caso é a terra. Experimente, em um final de semana, fazer uma viagem ao espaço, que você vai constatar justamente isso.
A dúvida também se assemelha muito ao exemplo do espaço, visto que é um lugar onde a direção ou mesmo um lugar determinado, não existe. Tudo parece ser igual, todas as opções são aparentemente boas, por isso, flutuamos na indecisão. É como quando decidirmos assistir algo naqueles sites de filmes e séries online e demoramos muito para escolher. Como não temos um norte, um tema ou uma opção em mente, flutuamos eternamente tentando decidir, a dúvida tem este poder. O excesso de opções diante de uma vida que não tem critérios bem estabelecidos, provoca isso, um eterno flutuar na indecisão.
Perceba bem que a palavra-chave é “critérios”, se você não tem critérios ou não delimitou seu caminho e aonde quer chegar, você seguirá flutuando na dúvida. Trabalhando só por trabalhar, sem um propósito no qual se dedicar.
Um propósito nos guia, ele nos dá força e principalmente, nos oferece uma direção a seguir. Viver sem um norte, sem ponto de partida, trabalhando apenas para sobreviver, estudando apenas para ter uma oportunidade de trabalho melhor é seguir flutuando neste espaço sem fim, sem um porquê.
Eu já tive muitas dúvidas quando era novo, eu pensava demais e fazia de menos. Um dia uma chave virou e eu aprendi que em meio a dúvida, busco antes conhecer, para ter um pouco de critério para escolher, contudo, às vezes, o melhor caminho é mergulhar mesmo, experimentando algo novo, conhecendo realidades que antes nos era realmente desconhecidas.
Normalmente ficamos com dúvidas quando não temos certeza e tal falta de certeza, pode surgir ou por acreditarmos que há opções importantes em ambas as oportunidades, ou quem sabe, por não conhecermos a fundo aquele assunto. Nos dois casos, quando temos critérios, decidimos de forma mais rápida. Mas chegará um momento no qual é melhor decidir, do que flutuar, as vezes entrar em algo novo te traz crescimento e o conhecimento de algo antes desconhecido. Baltasar Gracián pontua justamente isso quando fala:
“É mais desejado errar do que não fazer” (2018, p. 32).
Pelo menos fazendo, você sai da indecisão e experimenta algo novo, e em meio ao erro que uma empreitada nova pode provocar, aprendemos, e isso já vale muito. Errando ou acertando, ganhamos de igual modo, esta é justamente a questão.
Hoje eu sei muito bem decidir, eu tenho um norte e critérios para as coisas que eu quero fazer, mas as vezes a dúvida aparece, todavia, não tenho medo de mergulhar em empreitadas novas, por isso decido com calma e sigo.
A dúvida é sempre um problema, ela nos paralisa, as indecisões nos fazem flutuar e se não decidirmos, seguiremos perdendo oportunidades, seja de aprender ou mesmo de perceber mundos novos.
Não existe uma receita para alguém sair da dúvida, todos nós temos medo de errar e perdermos tempo por conta disso, é por isso que a dúvida surge. Contudo, não agir e seguir flutuado na indecisão é igualmente complicado. Por isso, não tenha medo do novo e aprenda a decidir.
Ou você decide ou seguirá flutuando na indecisão!
BIBLIOGRAFIA
BARROS FILHO, C. B.; CALABREZ, Pedro. Em busca de nós mesmos. 10. ed. Porto Alegre: Citadel Grupo Editorial, 2021.
GRACIÁN, Baltasar. A arte da sabedoria. Barueri: Faro Editorial, 2018.
