O ANSEIO POR EXPLICAÇÕES EM UM MUNDO TAGARELA

Eu tentava conversar com o indivíduo, mas as palavras saiam da sua boca quase como uma enxurrada, ele falava muito e não ouvia nada. E o pior, parecia que ele precisava falar e eu ouvir em uma espécie de tributo ao ego. Em meio aos escassos intervalos eu falava, mas logo era interrompido por suas intermináveis observações. Ele tinha um poder imenso de transformar um simples assunto em tópicos e subtópicos de intermináveis teorias.

Temo a certeza de muitos e também aquela ânsia por explicar tudo. O culto a ignorância começa com intermináveis exposições de teorias das mais diversas, como se a vida fosse uma eterna busca pela receita mágica.

Não há atalhos, muito menos fórmulas mágicas e as vezes, chorar e desabafar em meio aos problemas é melhor do que ficar procurando explicações que não existem. Larry Crabb e Dan Allender enfatizam justamente isso, quando afirmam que:

“É difícil parar de explicar tudo. As explicações dão certo. Elas têm se provado de grande utilidade em muitas áreas, tais como fabricar carros, corrigir dentes e fazer a fiação elétrica das casas. Mas, quanto mais nos afastamos das coisas e nos dirigimos as pessoas, as explicações vão se tornando menos úteis. Quando enfrentamos lutas pessoais, quando nossos problemas envolvem tensões nos relacionamentos e dificuldades nas nossas vidas, os esforços por explicar e controlar tudo têm menos valor porque essas lutas nos afastam do âmbito da matéria, onde as coisas são relativamente previsíveis, para o âmbito misterioso da alma” (1998, p. 18).

Deus tem os seus propósitos, mas nem sempre as calamidades que enfrentamos tem origem nos propósitos de Deus. É mais fácil ser o mal, aquele velho e conhecido fruto do pecado humano, como na maioria das vezes é, do que ser Deus querendo nos ensinar algo. Sofremos porque teimamos em seguir nossas teorias ao invés de seguir a palavra Deus.

E sofremos ainda mais quando tentamos incluir Deus em nossas explicações. É preciso entender que é Deus que nos dá o Norte e não o contrário. Aceitar a falta de explicação, entender nossa finitude e seguir, é a estrada mais razoável. Ter o socorro de Deus nem sempre é ter explicações e sim, o seu apoio e sua maravilhosa presença. É libertador sabermos que não estamos sozinhos.

A maior lição que eu aprendi com a vida é que nem sempre temos respostas e as vezes explicar um problema aumenta ainda mais o caos, ainda mais quando o assunto envolve o complexo ser humano. Aceitar a nossa falta de respostas é um primeiro passo para percebermos o outro como único, ao invés de ver alguém que ainda não conhece a receita para resolver o seu problema.

O que me toca, não afeta o outro e visse versa, a beleza da vida é isso, e ter empatia é estar presente, sem querer receitar soluções. A presença, o abraço um bom ouvido são curas mais eficazes do que receitas milagrosas. As vezes uma pessoa só precisa ser ouvida e perceber que não está sozinha.

Lembre-se disso quando encontrar um sofredor pelo caminho ou quando estiver sofrendo!

BIBLIOGRAFIA

CRABB, Larry.; ALLENDER, Dan. Esperança no sofrimento. São Paulo: Editora Sepal, 1998.

Deixe um comentário