Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho (Referência: Gálatas 1:6-10).
As vezes eu tiro um dia para ir visitar uma igreja, gosto de ter contato com outros cristãos e conhecer outros trabalhos. A parte complicada é que nem todas as igrejas que se dizem cristãs, realmente são. Algumas estão bem longe da Bíblia e da verdade, muitas seguem ensinando ritos, costumes e doutrinas, que são muito mais de outras religiões do que cristãs.
Hoje em dia o significado de “cristão” termina por ser algo muito mais diverso do que pontual, visto que, são muitas comunidades cristãs e inúmeras interpretações sobre pontos fundamentais do evangelho, com isso, não é possível entender todos os cristãos a partir apenas de uma pessoa ou igreja. Apesar de termos um cerne em comum, o cristianismo possui inúmeras variantes e visões quanto a doutrina bíblica.
A começar pelo batismo no Espirito Santo, que divide opiniões entre as igrejas. Cada denominação vai entender o tema de uma forma. O mesmo diríamos sobre a predestinação ou a escatologia, que possui diversas escolas escatológicas e por aí vai. A igreja não é unânime quanto a temas mais complexos, apesar de estarmos unidos por um cerne central, como pontuei.
O grande desafio nesta multiplicidade de visões cristãs é entender quais são as igrejas realmente cristãs, mas que apenas possuem uma diferença doutrinária, das igrejas que não são bíblicas. Eu mesmo já ouvi ensinos bem deturpados em algumas comunidades, em uma em especial, a doutrina era muito mais gnóstica do que cristã, eu me assustei visto que em meio aquela denominação, o diferente era eu, que discordava.
A curta epístola de Paulo aos Gálatas é um dos textos mais antigos do Novo Testamento, tendo sido escrita em torno de 49 d. C. Do mesmo modo que a epístola aos Romanos, o texto examina a conexão entre a lei de Moisés e o evangelho de Cristo, concluindo da mesma forma que, a lei havia sido estabelecida por um tempo apenas. Sendo que ela foi trocada por uma fórmula muito melhor e mais eficiente de relação com Deus (RICHARDS, 2013, p. 1038).
Sobre a introdução da carta aos Gálatas, um leitor habituado com as Epístolas Paulinas sabe muito bem que após as saudações habituais que Paulo sempre dá no início de sua carta, uma frase de agradecimento é sempre o seu segundo passo, mas isso não acontece nesta epístola, sendo que, uma repreensão é vinda logo após as saudações, mostrando a gravidade e a urgência do texto. Algo muito grave e fora do comum estava acontecendo (CARSON et al, 2012, p. 1818).
Ao discorrer sobre o engano dos Gálatas, Paulo usa alguns termos de deserção militar e confronto político (v. 6). A essência da mensagem do apóstolo é bem pontual: aquela igreja estava ao ponto de abandonar a mensagem da graça que é um ponto de partida fundamental do evangelho (CARSON et al, 2012, p. 1818).
Paulo neste texto fala de um outro evangelho, uma doutrina que estava sendo vendida como a correta, contudo, não era. No episódio, o apóstolo Paulo falava justamente de alguns falsos mestres que estavam ensinando as pessoas que, após aceitarem a Jesus, eles também precisavam dar um segundo passo e se tornarem judeus. Eles estavam tentando judaizar os cristãos que haviam sido alcançados pela graça de Deus. John Stott complementa explicando que:
“Desde a sua visita a essas cidades da Galácia, as igrejas que ele fundou foram perturbadas por falsos mestres. Essas pessoas orquestraram um poderoso ataque à sua autoridade e ao evangelho que ele pregava. Questionaram o evangelho da justificação somente pela graça e somente pela fé, insistindo que era necessário mais do que a fé em Cristo para se obter a salvação. Era preciso também ser circuncidado, diziam eles, e guardar todas as leis de Moisés (veja At 15.1, 5)” (2018, p. 12).
A Epístola aos Gálatas nos mostra como os falsos mestres já existiam desde o tempo dos Apóstolos. Eram muitos que deturpavam a mensagem Bíblica em nome de um outro ideal. Contudo hoje, é fácil perceber muitos outros ensinos sendo ministrados na igreja como se fossem cristãos. Apesar do texto falar de uma deturpação específica, tal aviso serve para quaisquer ensinos que estão longe da palavra de Deus. Por isso que, conhecer a Bíblia é fundamental, para termos uma fé sólida e a prova de deturpações.
Eu sempre digo para as pessoas tomarem cuidado com os discursos bonitinhos, bem falados, mas que estão distantes da Bíblia. Falar bem, não é garantia de uma mensagem boa, o que conta é buscar entender o quanto da palavra de Deus a pessoa está ensinando.
Frequentar um lugar onde a mensagem venha realmente da Bíblia é fundamental. E o evangelho é uma mensagem de resgate, não de autoajuda, ele parte da graça e não de méritos humanos, se esquecer disso é diminuir o que Jesus fez na cruz (Gálatas 1:3-5), por isso, tome cuidado com os falsos mestres e busque conhecer bem a Bíblia para não ser enganado.
BIBLIOGRAFIA
CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
STOTT, John. Lendo Gálatas com John Stott. Viçosa: Ultimato, 2018.
RICHARDS, Lawrence. Comentário bíblico do professor: Um guia didático completo para ajudar no ensino das Escrituras Sagradas do gênesis ao Apocalipse. São Paulo: Editora Vida, 2013.
