Irmãos, quero que saibam que o evangelho por mim anunciado não é de origem humana. Não o recebi de pessoa alguma nem me foi ele ensinado; pelo contrário, eu o recebi de Jesus Cristo por revelação (V. 11, 12) (Referência: Gálatas 1: 11-24) (NVI).
Um dos problemas dos nossos dias são os ensinos deturpados, anunciados como se fossem verdades bíblicas por pastores famosos. Sendo que alguns deles acabam tendo muito mais alcance do que aqueles pastores que não são conhecidos, mas que possuem compromisso com a Bíblia. E nestes casos, é complicado competir com a fama que estes têm.
No começo do capítulo, Paulo fala dos ensinos deturpados que alguns estavam ministrando, muitos falsos mestres estavam tentando judaizar o evangelho. E neste versículo, continuando a sua argumentação, ele dá uma ênfase importante em seus ensinos. Ele enfatiza que o evangelho que ele anunciava não era fruto da sua opinião ou de um ponto de vista qualquer e sim, uma revelação do próprio Cristo. Com isso, quando ela argumenta e busca refutar o falso evangelho que estava sendo pregado, ele faz com a autoridade e ensino que havia recebido de Jesus. É como se ele estivesse mostrando as suas credenciais e ressaltando que a relevância do seu ensino, não vinha de si. Carson enfatiza que:
“Tem sido dito que nessa carta Paulo se vê obrigado a defender-se a si mesmo antes de defender o seu evangelho. Há uma medida de verdade nessa análise. Os ataques à sua mensagem de liberdade para os gentios estavam inextricavelmente vinculados às questões que tinham sido levantadas acerca de sua autoridade apostólica (2012, p. 1819).
Com qual autoridade Paulo falava? Será que os seus ensinos e a sua autoridade apostólica eram válidos? Era este problema que o apóstolo estava enfrentando. Já não bastava enfrentar os falsos mestres, ele também precisava refutar aqueles que duvidavam de sua autoridade.
A legitimidade de um orador faz toda a diferença para ouvirmos ou não o que a pessoa está falando. O valor do discurso, como a filosofia ensina, é intrinsecamente ligado a legitimidade do porta-voz. Se você não é visto como legítimo, as pessoas não o ouvirão. Mas como Paulo enfatiza na epígrafe do texto, a sua mensagem não era oriunda de um ponto de vista, de uma opinião própria. Ele recebeu de Cristo por revelação ou mesmo, recebeu a revelação de Cristo em sua vida. O texto possui os dois significados.
Adolf Pohl acrescenta explicando justamente que a gramática deste texto no original, permite que um leitor encontre dois significados, o que acaba dividindo os exegetas. O primeiro é que a revelação da mensagem da graça, que coloca a lei de lado, foi revelado ao apóstolo Paulo por Cristo. Sendo assim, Jesus se opõe aos sábios humanos, na parte A do versículo (v.11). O segundo significado é que o texto fala de uma revelação sobre Jesus. Cristo foi a pessoa revelada ao apóstolo Paulo (1999, p. 46).
Aprendi ao longo da minha caminhada como teólogo, que estudar é fundamental, quanto mais conhecemos a palavra de Deus, mais crescemos como cristãos. Contudo, eu não estou fechado para a ação do Espírito Santo em minha vida. Eu sei que ele nos ajuda, ilumina a nossa mente e nos ensina. O que não exclui a importância de estarmos sempre estudando.
Diante disso, não vou escolher um lado sobre esta questão, independentemente se Paulo recebeu a revelação da mensagem ou se o Cristo foi a revelação na vida dele, o ponto central é que ele era alguém compromissado, uma pessoa que conhecia a palavra. Como um bom judeu, o Apóstolo estudou e entendia também o evangelho da graça que ele estava pregando.
Paulo era alguém legítimo, compromissado, com isso, quando ele refutava os falsos mestres, ele assim fazia por conta da sua autoridade e compromisso com a palavra de Deus.
Que possamos ser pessoas compromissadas com o evangelho, centradas na palavra, estudando e buscando sempre conhecer a vontade de Deus através do seu evangelho.
BIBLIOGRAFIA
CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
STOTT, John. Lendo Gálatas com John Stott. Viçosa: Ultimato, 2018.
POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1999.
