“Quem pensa que compreendeu tudo, prova, por isso mesmo, que nada compreendeu” (SERTILLANGES, 2019, p. 127).
Quando eu mergulhei no estudo do calvinismo e do arminianismo, que são duas correntes teológicas bem opostas uma à outra, para um livro no qual estava escrevendo, tive que estudar a obra de muitos autores. Estes livros me levaram a outros livros e a inúmeras variantes e formas de interpretar a Bíblia. Estes autores me impulsionaram a conhecer ainda mais obras clássicas, como os livros de Agostinho e os Pais da Igreja. E quando eu paro, vejo o caminho que percorri e o quanto preciso ainda percorrer, percebo que a epígrafe do começo do texto é verdadeira. Quem realmente compreendeu algo, percebe o quanto há para conhecer e quem acredita saber de tudo, na verdade, não sabe de nada.
Meus estudos me levaram a ter alguma compreensão, mas a minha maior certeza é sobre a própria infinitude do conhecimento e como ele é intrínseco, complexo e misterioso. Para quem não conhece muito, um livro já basta, já satisfaz o seu apetite. Contudo, para quem estuda e busca o conhecimento, não. Um livro ou um tema de estudo é apenas uma ponte para uma gigantesca montanha. Ainda mais quando estudamos a Bíblia e o mistério do nosso soberano e inesgotável Deus.
Os meus hábitos de estudo me mostraram o tamanho da minha ignorância. Sendo que é o próprio senso de mistério que nos move e provoca em nossa mente a sede pelo saber. E por mais que tenhamos encontrado a verdade e respostas para uma determinada área, sabemos que existem variantes e elas nunca responderão por completo diversos assuntos, que o limitado ser humano, não consegue esgotar.
A ignorância nos deixa ancorados no terreno da certeza, vendo apenas onde os olhos alcançam. O estudo, leva um indivíduo e ver mais e a ter a convicção de como a maioria dos temas e assuntos, são normalmente muito mais complexos do que imaginamos.
Perceba como o conhecimento amplia a visão e nos traz aquele senso de mistério, por conta da dimensão do conhecimento. Já a falta de conhecimento nos traz certezas, tudo e, porque não somos capazes de perceber o tamanho do saber. Eu creio que sempre posso aprender, sempre há uma coisa nova para descobrir, esta é a mentalidade daqueles que aprendem. Já quem não tem tanto repertório se fecha, acreditando já saber de tudo.
Não perca o senso de mistério por conta das falsas certezas, estude, leia e nunca se esqueça que quanto mais estudamos, mais percebemos que não conhecemos, sendo que é isso que nos move e nos faz a sempre estarmos em busca do saber.
BIBLIOGRAFIA
SERTILLANGES, A. D, A vida intelectual, Editora Kírion, Campinas, 2019.
