A FORÇA DA UNIÃO

“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. (Referência: João 17:20-26).

Toquei em bandas por muitos anos, sendo que a maior lição que pude tirar deste tempo foi o entrosamento. Em uma banda, estar entrosado define o sucesso ou fracasso de um show. O entrosamento é a arte de entender o contexto e estar bem-adaptado a uma realidade. E isso vai depender do quanto somos dedicados e empenhados em compreender e conhecer bem o próximo e a sua realidade.

A união na vida cristã é um ponto fundamental, estar unido ou entrosado, segundo a linguagem musical, é uma atitude muito importante. Ser cristão é justamente estar ajudando e caminhando sempre com as outras pessoas. 

Sobre o contexto do versículo, percebam que Cristo está fazendo uma oração, ele começa orando pelos discípulos e depois passa a interceder por aqueles que creriam em sua mensagem através deles (v. 20). Veja que profundo, Jesus está orando por todas as pessoas que iriam crer nele. Ele está orando por nós, e nesta oração, temos alguns ensinamentos fundamentais, quero destacar apenas três.

 1) O padrão de Unidade

O primeiro ponto que eu quero destacar do texto é justamente o padrão de unidade. Perceba que existe um padrão a partir do próprio relacionamento entre Cristo e Deus. A base de tudo é permanecer no Pai e no Filho, e sermos desta forma unidos Nele como igreja (v. 21) (CARSON et al, 2012, p. 1593).

E viver o evangelho é ter isso em mente, não vivemos para nós, muito menos, temos como ponto de partida nossos pontos de vistas e conceitos pessoais e sim Deus. Se não amarmos como ele nos ama, se não nos unirmos como Cristo é unido com o Pai, certamente seguiremos nos desconstruindo por meio dos nossos falhos conceitos.

2) O ciclo da fé

O segundo ponto que eu quero destacar desta passagem bíblica é o ciclo da fé. O texto fala da fé, que leva os irmãos a serem unidos, mas que também conduz outros à fé (v. 21). É um ciclo que começa com a união e termina, gerando frutos. Donald Guthrie complementa:

“O ciclo que se estabelece aqui é a fé conduzindo a unidade que, por sua vez, conduz outros a fé” (2012, p. 1594).

Quanto mais nos unimos, nos fortalecemos e nos ajudamos, mais alcançamos outras pessoas. É um ciclo lógico, que começa tendo a Trindade como princípio e um resultado como consequência, sendo ele a união e o alcance de outras pessoas. E juntos somos mais fortes!

3) A Glória de Cristo

Por fim, chegamos a um ponto essencial do texto, que é a glória de Cristo (v. 24). Quanto mais Jesus é o centro, mais estamos unidos. E o oposto não é diferente, quanto mais outras coisas são prioridades, mais nos desunimos. O ponto aqui é justamente a prioridade certa, e no momento em que temos Cristo como centro de tudo, o resto flui, mas quando ele não é o centro, a igreja, os relacionamentos e a comunhão vão ruindo. Sobre o papel da comunhão, John Stott complementa:

“Portanto, para que eu seja eu mesmo, tenho que negar-me a mim mesmo e dar de mim em amor a Deus e aos outros. A fim de ser livre, tenho de servir. A fim de viver, tenho de morrer para a minha própria autocentralidade” (2004, p. 100-101).

Ser igreja é ser um corpo (1 Coríntios 12:27), a união é a base da vida cristã. Sendo assim, ou estamos unidos, ou viveremos longe dos propósitos do evangelho. A união é um princípio fundamental do cristianismo. E a verdadeira liberdade é viver segundo a vontade de Deus, servindo, amando a Deus e ao próximo, colocando de lado todo o nosso egoísmo.

 Nem sempre entendemos o outro por estarmos em outras realidades, mas sempre podemos estar juntos. Ter com quem contar não tem preço e este apoio é um dos pilares da vida cristã.

BIBLIOGRAFIA

CARSON. D. A.; FRANCE, R.T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova, São Paulo: Editora Vida Nova, 2012.

GUTHRIE, Donald. In: CARSON. D. A.; FRANCE, R.T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova, São Paulo: Editora Vida Nova, 2012.

STOTT, John. Por que sou cristão. Viçosa: Ultimato, 2004.

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