ATITUDES NEGATIVAS

“Outra pessoa cometeu uma falta que me atingiu? Isso diz respeito a ela. São suas disposições pessoais, suas ações pessoais” (2019, p. 61).

Marco Aurélio

Existem indivíduos que possuem aquele mórbido prazer de obscurecer um ambiente quando chegam. São pessoas que costumam ofender, diminuir ou mesmo provocar pessoas, com sua ânsia em vê-los em uma situação ruim. Infelizmente, conheço alguns assim.

E a verdade é que algumas pessoas nos atingem quando insistem em nos fazer mal. O problema é que tal situação não é tão fácil de se lidar. Diante de uma atitude negativa, algumas vezes, terminamos por responder de uma forma também negativa, replicando assim a mesma ação errada.

É um grande problema quando a atitude negativa nos faz ser quem nós não somos ou reagirmos de forma errada, fugindo dos nossos próprios padrões. Ser contaminado pela negatividade da atitude do outro é uma questão muito intrincada. 

Cada ser humano faz o que está acostumado a fazer. O arrogante busca ser o centro das atenções e tenta ser a prioridade. O indivíduo irascível trata a todos com grosseria quando está irritado. Já o orgulhoso destila a sua superioridade ilusória. Sendo que estas são as suas disposições e formas de agir. Aprender a reagir a tais cenários é importante para não nos tornarmos parecidos com eles. Sofrer uma ofensa não é nada legal, mas replicar um mal, é ainda pior.

Responder à altura de uma ofensa, na verdade, é se rebaixar, é se tornar igual ao ofensor. A pessoa que é realmente forte busca sempre desenvolver ferramentas para administrar tais situações de forma sábia, de um modo no qual ele não deixará de ser quem ele é. Marco Aurélio, neste mesmo livro, pontua que:

“A melhor forma de se defender das pessoas hostis é não se tornar semelhante a elas” (2019, p. 65).

Assim como atitudes positivas nos influenciam, as negativas, da mesma forma, nos levam a agir igual ao ofensor, em muitos casos. Ter a sobriedade para ser diferente é sempre desafiador.

Eu sei bem como não é tão fácil termos controle diante de provocações, visto que algumas delas nos tiram realmente do sério. Principalmente quando a afirmação é injusta e bem equivocada. Contudo, não ceder a provocação demonstra não só autocontrole, mas também que a pessoa está realmente errada, visto que um equívoco, por ser um erro, não deveria nos tocar. Como normalmente estas pessoas nem pretendem nos ouvir, o silêncio é sempre mais válido. É um modo de comunicar o quanto eles estão errados.

O autocontrole é sempre um desafio, seja ele em que âmbito for. Exercitar a nossa capacidade de não responder a estímulos negativos é um difícil, mas importante exercício.

Quando sou provocado, o meu primeiro passo é tentar não levar a ofensa para o lado pessoal, me lembrando que eu não sou o que o ofensor afirma que eu sou. E quando você busca se conhecer bem, tal exercício se torna um pouco mais usual.

Pare para entender bem quem você é, entenda seus defeitos e qualidades, aprenda a se conhecer para que, diante de uma afronta, tais palavras não provoquem mágoas e suscitem ira. Se você sabe quem você é, tais provocações não surtirão efeito.

Não quero vender a você uma fórmula, visto que nós sabemos que não existe tal receita. Eu também sei que existem dias nos quais não estamos bem e tais provocações ganham uma dimensão ainda maior. Contudo, descer ao nível do provocador é um caminho que trará ainda mais resultados negativos. Por isso, cuide com as atitudes negativas e busque não se rebaixar ao nível do ofensor.

BIBLIOGRAFIA

AURÉLIO, Marco. Meditações. São Paulo: Edipro, 2019.

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