O ANTISSEMITISMO VELADO NO BRASIL

Alguns assuntos são muito complexos, por isso, quando circulam em meio ao povo, seguem com fundamentos simplistas. Sem contar que a maioria não pesquisa e por isso, insistem em opinar de forma equivocada. Não é possível conversarmos sobre algo baseado apenas em nossos achismos, precisamos primeiro entender e nos aprofundar sobre um tema, para depois opinar de forma coerente.

Nunca pensei que um dia o antissemitismo seria visto e praticado novamente em alguma sociedade, mas estamos vendo os inúmeros posicionamentos do governo e das pessoas públicas, que revelam justamente isso. A perseguição aos judeus novamente começou e tem ficado cada dia mais escancarado.

Eu sempre quis entender como o nazismo conseguiu manipular uma nação inteira e colocá-la contra os judeus. Sempre me pareceu algo surreal, até estar nesta mesma realidade, onde as pessoas públicas e professores, que possuem muita influência, expõem seus mentirosos discursos, e a população ouve, sem conferir se a fala é verdadeira.

Hoje é possível ver pessoas defendendo o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que é um grupo terrorista e que possui, como uma das suas missões centrais, eliminar todos os judeus. Diante deste fato, o que eu tento entender é se esta defesa é fruto de falta de informação ou má índole mesmo. Defender terroristas que decapitam crianças, torturam seres humanos e matam sem clemência alguma, é uma atitude por demais surreal e ignorante. Sendo que, existem muitos vídeos e materiais que provam esta barbárie, o suficiente para constatarmos o quanto o Hamas é um movimento incoerente.

Precisamos deixar claro que foi inevitável os judeus se posicionarem, após a ofensiva do Hamas. Não seria coerente eles não se defenderem. E as acusações que muitos estão fazendo contra Israel são injustas, visto que, esta nação tem se mostrado ética em meio a guerra. Edgar Morin no livro O mundo moderno e a questão judaica, já deixou claro como o povo judeu durante a história, foi acusado inúmeras vezes de muitas barbáries:

“Os judeus viram-se acusados não somente das catástrofes que açoitaram a cristandade, tais como as epidemias de peste e de cólera, mas também de sacrilégios horríveis (sacrifícios de crianças cristãs na Páscoa judaica, profanação das hóstias etc.). Foram não somente aviltados, mas também demonizados. Condenados à reclusão nos guetos, estavam, além disso, ameaçados de expulsão ou de pogroms” (MORIN, 2007, p. 17).

No final, percebemos como a tática ainda é a mesma, ou seja, acusar este povo de atitudes injustas, violência e inúmeras falsas narrativas. E eles não falam nada do Hamas, um grupo terrorista que tem espalhado dor e morte por onde passam. A história judaica é triste, mas também é de superação e mesmo assim, vemos muitas ações humanitárias praticadas por eles. Como aconteceu em 2019 (dia 28), quando eles vieram com uma equipe de 130 soldados para ajudar na operação de resgate na catástrofe que aconteceu com o rompimento da barragem de Brumadinho. Ou recentemente, quando enviaram equipamentos para ajudar as vítimas da enchente do Rio Grande do Sul.

Neste mesmo livro, Morin conclui a obra expondo sobre o perigo do perseguido virar o perseguidor, impondo e cometendo as mesmas injustiças que cometeram contra eles, uma observação que eu considero fundamental. Entretanto, sobre o embate de Israel e o Hamas, é impossível ficar do lado deste grupo terrorista. E por mais que possa existir assuntos importantes sobre Israel e a Palestina, quanto ao território. Sendo que o embate existe desde da metade do século XX, por conta do crescimento da população judia na Palestina, o posicionamento violento do Hamas, não tem qualquer justificativa e muito menos as comemorações de oito meses do ataque terrorista, que alguns partidos fizeram recentemente.  

Muitas vidas inocentes foram mortas das formas mais cruéis e injustas. Ficar do lado do Hamas é apoiar um regime extremista, que não tem medo algum de matar, em nome de sua ideologia e religião. Sou a favor da vida, do diálogo e da liberdade, por isso que, ao ver este antissemitismo acontecendo em nosso país, fico preocupado com a narrativa que muitos estão usando, para manipular opiniões.

Bibliografia

MORIN, Edgar. O mundo moderno e a questão judaica. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

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