ARROGÂNCIA ACADÊMICA

Quando optei pela carreira de docente, assim o fiz, muito mais pela alegria e pelo prazer de ensinar e pesquisar do que pelo dinheiro. Ser professor é seguir aprendendo sempre, para, desta forma, ensinar com relevância. Quem não gosta de aprender não deveria ensinar.

A parte difícil de estar neste meio, já que nem tudo é perfeito, é ter que lidar com a mente fechada de muitos docentes, principalmente quando se trata de autores chamados públicos, daqueles escritores da mídia. Muitos possuem opiniões negativas quanto a eles, sem terem o menor contato com suas obras e reflexões, o que é muito contraditório, já que aprendemos em nossa caminhada acadêmica a falar apenas do que conhecemos e estudamos.

Existe uma espécie de arrogância que permeia a mente de muitas pessoas que fecham os seus olhos para bons autores, mesmo sendo eles escritores famosos. E quando um aluno cita qualquer um destes autores, é normal ouvirmos respostas arrogantes destes “detentores do saber”, desmerecendo os livros ou quaisquer conteúdos destes escritores.

Sou alguém muito curioso e, como preciso lidar com diversos tipos de pessoas e públicos, às vezes busco ler alguns destes escritores que os alunos citam, só para entender a realidade destas pessoas e o ponto de partida das suas reflexões, leituras e conhecimento. A verdade é que já aprendi com muitos deles, e mesmo sabendo que estas obras não são ideais para produzir conteúdo acadêmico, o aprendizado que muitas vezes nos traz já é válido.

A arrogância no meio acadêmico é sempre perigosa, principalmente quando ela leva um professor a fazer um juízo de valor, sem ao menos conhecer o que está criticando. Aprender a ter contato com tais livros, pelo menos para conseguir fazer um julgamento mais justo, é ser honesto consigo mesmo, caso contrário, é melhor falar que não tem opinião sobre determinada obra justamente por não ter lido.

Ter a humildade de falar que não conhece determinado autor é uma atitude inteligente, como eu já falei muito aqui no blog. Não é vergonha dizer a palavra, não sei, a vergonha é falar de algo sem conhecer.

Eu lembro bem de um episódio que explica nitidamente este fato, foi quando um docente começou a desmerecer e rebaixar o filósofo Luiz Felipe Pondé, como se ele não soubesse de nada relacionado à filosofia. A ação foi contraditória, visto que, Pondé é graduado, mestre e doutor em filosofia. Tal autor estudou e passou por todos os crivos que todos os acadêmicos passam, como banca de graduação, mestrado e doutorado. Com isso, algum conhecimento você imagina que ele tenha. E é claro, você pode não concordar com o autor, mas humilhar alguém que possui uma formação é uma atitude complicada para um acadêmico. Eu mesmo já li inúmeros ótimos livros dele, mesmo sendo um estilo de texto menos acadêmico, mas é igualmente bom. Admiro a proposta do autor de oferecer uma filosofia mais prática e acessível às pessoas.

Para quem quer entrar na carreira de docente e pesquisador, entenda que a humildade é tudo e falar do que você conhece, leu e se informou é primordial. Acreditar estar acima, ser melhor que todos e desmerecer as pessoas, não é uma atitude inteligente.

Opte em seguir sempre pelo caminho da humildade, estando, assim, aberto para o saber e fechado para falar das coisas nas quais você não teve contato.

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