A LEI E A PROMESSA

“Irmãos, humanamente falando, ninguém pode anular um testamento depois de ratificado, nem acrescentar-lhe algo. Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: “E aos seus descendentes”, como se falando de muitos, mas: “Ao seu descendente”, dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo” (Referência: Gálatas 3:15-25) (NVI).

Um testamento quando está pronto, não pode ser mudado, visto que, ele foi escrito, partindo da vontade daquele que redigiu o texto. Por mais que alguém possa discordar da pessoa que formulou o documento, o que lhe resta é aceitar a vontade do testador. É desta forma que podemos ver as promessas feitas a Abraão e ao seu descendente, como Paulo coloca em Gálatas, segundo a epígrafe do texto. 

Vimos no texto passado como o ser humano não é salvo pelos seus méritos e pelo cumprimento da lei. Somos salvos pela graça, mediante a fé em Cristo. Mas o apóstolo continua a sua explicação, evidenciando assim a ineficácia da lei e a eficácia da morte de Jesus na cruz.

Adolf Pohl explica que a lei precisa ser entendida como a revelação de Deus que aconteceu no Monte Sinai ao povo de Israel. Sendo que, todos os questionamentos sobre guardar o sábado e circuncisão, que surgiram na discussão entre Paulo e os seus antagonistas, não podem ser discutidas de modo isolado e sim, a partir de toda a história da salvação (1999, p. 117). Não é à toa que Paulo fala sobre Abraão, que é uma peça fundamental na revelação de Deus e na história cristã. 

Paulo segue expondo sobre a lei e a graça, e para contextualizar a ação da lei, ele usa como metáfora um testamento, explicando como o acordo feito por este documento não pode ser quebrado e muito menos modificado (v. 15). Isto posto, quando Deus fez as suas promessas a Abraão e todos os seus descendentes, o que o texto está afirmando é que a promessa foi feita a Abraão e a Cristo (v. 16). E a lei que foi dada muitos anos depois, não pode quebrar esta aliança e muito menos anular a promessa feita por Deus (v. 17). Moisés Silva complementa explicando que:

“Tendo se expressado bastante negativamente acerca da lei, Paulo pode ter sentido a necessidade de ampliar o tópico de como essa lei se encaixa nos propósitos de Deus. Exatamente quais é a relação entre ela e a promessa a Abrão? A sua resposta focaliza no fato de que a lei é tanto posterior à entrega da promessa (15-18) quanto anterior ao cumprimento da promessa (19-25)” (CARSON et al, 2012, p. 1826).

A lei veio bem depois da promessa e da aliança abraâmica e é anterior ao seu cumprimento, com a vinda de Jesus Cristo. E se as coisas que Deus dá dependem da lei, com isso, o que ele dá não é fruto de sua promessa, contudo, tudo o que Deus deu, foi justamente fruto de sua promessa (v. 18). Mas desta forma surge uma pergunta, qual é o motivo da lei? A lei serve como um parâmetro, como um mapa que mostra todas as coisas que desagradam a Deus, sendo que a lei dura até a vinda de Cristo, o descendente de Abraão, visto que a promessa foi feita a este descendente (v. 19). Adolf Pohl acrescenta:

“Nesse aspecto também reside o ponto em que a finalidade da lei se diferencia totalmente da finalidade do evangelho. Ela rotula o pecador como “culpado!”, sem torná-lo, depois, inocente nem declará-lo justo (Gl 2.16; 3.11)” (1999, p. 124).

Assim sendo, Paulo pergunta sobre a razão da lei, e ele responde que a lei existe por causa de todas as transgressões humanas (v. 19), sendo que a lei é um tutor, que nos conduz a Jesus (v. 24), e após a vinda de Cristo, nós não estamos mais debaixo deste tutor, que é a lei (v. 25). Vivemos para Cristo, agora é ele que nos conduz, a lei não tem mais finalidade. Paulo complementa:

“Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor” (Gálatas 3:24-25) (NVI).

A lei simplesmente aponta para Jesus Cristo, ela mostra que sem ele não somos nada. No final, a lei mostra como o ser humano é pequeno e falível, e indica o único que deve ser louvado, que é Jesus Cristo. No final a lei serve como um holofote que mostra quem nós somos e aponta para o nosso soberano salvador.

Nós não seguimos mais a lei e sim Cristo, e por mais que ela tenha tido a sua utilidade, não estamos mais debaixo da lei.  Hoje nós seguimos a Jesus, sendo ele o nosso norte e a quem imitamos.

Bibliografia

CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário bíblico Vida Nova. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.

SILVA, Moisés. Gálatas. In: CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário bíblico Vida Nova. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.

POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1999.

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