Eu me identifico muito com o modo como Chesterton fala de política, no livro O que há de errado com o mundo. O autor não se limita a tomar um partido, muito menos se ausenta de tecer críticas, apenas porque é do mesmo lado político no qual ele está analisando, como vemos hoje, ao contrário, ele pontua suas análises e coloca o dedo na ferida, quando precisa arrancar alguma infecção do sistema político que for.
Não creio que devemos fechar os nossos olhos quando alguma coisa equivocada está acontecendo, ainda mais nós que somos cristãos. Creio que o nosso papel é fiscalizar, elogiar quem for preciso, mas também fazer nossas críticas, quando o fato assim exigir.
É curioso perceber como alguns militantes políticos não criticam ou apontam os erros do seu candidato, quando este está no poder. É perceptível isso hoje, com a mudança política que passamos. As mesmas pessoas que criticavam o antigo governo se calam diante de exageros absurdos da atual gestão. Algumas de suas falas preconceituosas, grosseiras e equivocadas são ignoradas de uma forma muito irreal, como se não estivesse acontecendo nada de errado. Enquanto nada do antigo governo passava despercebido, o do atual é ignorado de modo surreal.
O meu parecer sobre a dinâmica da discussão política atual é sobre a crença de que você precisa ter um lado, sendo que isso não é verdade, o meu lado é o da política coerente e justa, apenas isso. E o pior é quando fazemos críticas ao lado oposto, já nos acusam de opositores, como se não pudéssemos apontar os erros e equívocos da gestão atual. Sobre lados vencedores ou perdedores, gosto de uma frase de Chesterton que resume bem o problema:
“Não há como lutar do lado vencedor, pois se luta exatamente para descobrir qual é o lado vencedor” (CHESTERTON, 2013, p. 31).
No final, é tudo uma guerra, uma disputa para ver quem tem a teoria mais acertada ou quem é o vencedor, e este é o meu medo, visto que a política se aproveita desta nossa guerra para impor e manipular em nome dos seus ideais obscuros.
Precisamos aprender a ser honestos e a não nos vendermos para político algum. Eles são funcionários públicos, que precisam ser fiscalizados, e fazer um trabalho digno é o mínimo que a função deles exige. A política hoje é vista como uma forma de conseguir status e dinheiro, mas a mentalidade não deveria ser esta. O político é um servidor da população, mas como as pessoas não fiscalizam, a política virou uma festa com o dinheiro público.
Busque ter a mentalidade certa quanto à política, entenda o quanto é perigoso entrar em discussões polarizadas, justamente porque estas pessoas simplificam o assunto. Política é algo sério, sendo que a boa política aceita críticas e possui um ambiente onde a prestação de contas é algo usual.
Precisamos fiscalizar e colocar na política pessoas que estão preocupadas com o país e não indivíduos que ligam apenas para os seus interesses. Ignorar os equívocos dos nossos candidatos é colaborar para que a corrupção ou os gastos excessivos estejam cada vez mais presentes.
Ou aprendemos a nos posicionar, sem sermos militantes de político algum, ou seremos cada vez mais manipulados!
BIBLIOGRAFIA
CHESTERTON, G. K. O que há de errado com o mundo. Campinas: Ecclesiae, 2013.
