DEPENDÊNCIA DE TELAS: DESLIGUE O CELULAR E FIQUE LIGADO

Eu tinha um costume muito ruim quando era mais novo. Ao acordar, a primeira coisa que eu fazia era ligar o celular, e este hábito era quase que um ritual. Antes de qualquer atividade, a minha prioridade era verificar as notificações como se fosse um caso de vida ou morte.

Com o tempo, pude perceber como esta prática estava me proporcionando inúmeros malefícios e, inclusive, estava minando a minha concentração. Eu também notei como as redes sociais consumiam uma boa parte do meu tempo, por conta disso, entendi que precisava buscar mudança.

Entenda que eu gosto da internet e não tenho nada contra as redes sociais. Quando bem usadas, elas são ótimas ferramentas. O problema é quando as telas determinam o ritmo de todo o seu dia, sendo que esta reflexão serve também para a televisão ou qualquer coisa que escravize você.

Tish Warren explica como, conscientemente ou não, o ser humano é moldado por rituais, sendo que estas práticas moldam quem nós somos. E não é só a igreja ou a Bíblia que nos incentivam a termos práticas que se tornam automáticas, como orar ou ler a palavra de Deus, mas a sociedade, a cultura e o meio no qual vivemos também incutem tais atividades (2021, p. 43-44).  E esta vida automática nos molda e muitas vezes determina como o nosso dia será, ou mesmo o nosso humor, ou o ritmo pessoal. Warren complementa, usando a sua experiência como exemplo, quando também tinha o costume de pegar o celular assim que acordava:

“Nós temos hábitos cotidianos, práticas formativas, que constituem liturgias diárias. Ao buscar primeiro o meu celular a cada manhã, eu desenvolvi um ritual que me treinou para determinado fim: entretenimento e estímulos por meio da tecnologia” (2021, p. 46).

Perceba a armadinha e o perigo de transformarmos algo em um rito que determina toda a nossa vida, a influência é sutil, nem sempre percebemos, mas ela existe. Por isso, aprendi a colocar limites nas redes sociais, descobri como é poderoso poder acordar e, antes de tudo, priorizar o meu momento com Deus, agradecer pelo maravilhoso dia e ler a sua palavra. Sem contar com o período que eu separo para refletir, estudar e escrever. Hábitos são comuns em nossa vida, por isso, precisamos agir com intencionalidade para construirmos bons momentos.

Existe um velho ditado que é útil nesta reflexão, ele diz que: “tudo o que é demais atrapalha”. O excesso é realmente um perigo; por isso, é indispensável buscarmos o equilíbrio.

Aprenda a preencher o seu dia com hábitos que vão agregar em sua vida, e não deixe de usar as redes sociais, apenas coloque limites. Entenda como é inútil gastar quase todo o seu tempo nisto. Separe um tempo para outras atividades mais construtivas e busque deixar o seu celular longe de você. E caso tenha crises de abstinência, isso só vai revelar o quanto o seu costume chegou em um nível grave. Se você persistir em seu período longe dele, você descobrirá o quão libertador é ficar longe deste equipamento.

Em um período de recolocação profissional, acabei voltando a conferir sempre o celular devido às esperas por respostas de processos seletivos. Isso me obrigou a retomar todo o trabalho de me desligar do celular e perder este costume novamente. Perceba como tal equipamento é viciante e define muito a nossa vida. É como a autora pontua:

“O cerne da nossa formação está na monotonia das nossas rotinas diárias” (WARREN, 2021, p. 46).

Às vezes não nos damos conta de como as pequenas práticas nos influenciam, por isso, precisamos de forma consciente construir rotinas, liturgias que vão agregar muito mais em nossa vida. E hoje, o vício em telas é uma realidade que tem atrapalhado muitas pessoas. Ficar atento e frear estes rituais é uma ação necessária para que o nosso dia se inicie de modo construtivo.  

Bibliografia

WARREN, Tish H. Liturgia do ordinário. São Paulo: Pilgrim Serviços e Aplicações; Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2021.

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