“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Referência: Gálatas 3:26-29) (NVI).
Pai é aquele indivíduo que cuida, que olha para os seus filhos com amor e protege, ensina e está sempre pronto para mostrar o caminho. Nem sempre o filho consegue perceber o quanto um pai se doa, apenas quando se torna pai que ele entenderá esta realidade.
E de todos os pontos significativos do fato que somos cristãos, sermos chamados de filhos, por um Deus de graça, é algo que eu considero muito profundo. Fomos alcançados por sua graça, ele nos redimiu, mediante a sua bondade e ainda nos fez filhos, mediante a fé em Cristo (v. 26).
Assim, o cristão não foi apenas salvo de uma vida de pecado, mas também foi feito filho e esta é a primeira importante ênfase desta passagem. Deus, o justo juiz, agora nos fez filhos por meio de Cristo. John Stott complementa esta importante passagem:
“Deus já não é o juiz, que, por meio da lei, nos condenou e nos aprisionou. Deus já não é o tutor, que, por meio da lei, nos restringiu e nos castigou. Deus é nosso Pai, que, em Cristo, nos aceitou e nos perdoou (STOTT, 2018, p. 62-63).
Enquanto a lei nos coloca como prisioneiros (v. 23) encarcerados em uma vida de obrigação e prestação de contas a um tutor. A graça divina nos faz filhos de Deus e este é o maior presente que podemos ganhar.
Outra importante ênfase que o texto dá é que Deus nos coloca como iguais, nós somos um em Cristo, por isso que, segundo a sua palavra, não somos diferentes, somos iguais em Cristo. Sejam judeus ou não, homens ou mulheres, somos todos iguais, visto que Jesus nos faz um (v. 28). Por isso que, qualquer tipo de divisão, preconceito ou status que divide os cristãos é equivocado.
O evangelho desconstruiu a separação que existia entre gentios e judeus (Efésios 2:11-18), sendo este o centro do argumento de Paulo nesta epístola. Entretanto, ele também discorre sobre os livres e os escravos, o homem e a mulher, o judeu e o grego (v. 28), mostrando como não existe importância nestas condições ou qualquer posição social diante de Deus (CARSON et al, 2009, p. 1827). John Stott complementa novamente nos ensinando que:
“Em Cristo, pertencemos não só a Deus como filhos, mas uns aos outros, como irmãos e irmãs. E pertencemos uns aos outros de tal maneira que não nos importamos com as características que normalmente nos distinguem, como raça, posição social e gênero” (STOTT, 2018, p. 63-64).
Perceba a riqueza do evangelho, que é nos colocar como iguais, independentemente de quem nós somos e como somos vistos pela sociedade. No reino de Deus, somos todos irmãos.
Nosso soberano pai é um Deus de justiça, que não demora em cumprir a sua palavra, mas ele também é um senhor de graça, que perdoa e nos faz filhos. Ser perdoado e visto como filho de Deus é uma oportunidade única, que só Deus faz por nós.
Bibliografia
CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário bíblico Vida Nova. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2009.
STOTT, John. Lendo Gálatas com John Stott. Viçosa: Ultimato, 2018.
