FILHOS DE DEUS II

“Digo porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo. No entanto, ele está sujeito a guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai. Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios elementares do mundo” (Referência: Gálatas 4:1-7) (NVI).

A dependência é uma das principais características das crianças, visto que elas são totalmente dependentes dos pais. Por isso que orientar os filhos, estar sempre junto, apoiando e ensinando é uma ação importante.

No contexto judaico, os filhos eram importantes, na verdade, as pessoas que não tinham filhos não eram bem vistas. Contudo, enquanto eles não completassem a idade certa para o Bar Mitzvah, que é a cerimônia que marca o início da maioridade religiosa, uma criança não era responsável por seus atos de forma consciente.

O próprio Cristo recebeu as crianças de modo aberto, além de ter usado elas como exemplo de como devemos receber o reino dos céus (Marcos 10:13-16). Jesus Cristo desafiou os costumes do seu tempo, mostrando como o evangelho é algo muito mais profundo do que a cultura religiosa demonstrava.  

Este texto conclui a discussão que a passagem aborda sobre a função da lei. Champlin explica que Paulo parte do fato que o filho de uma família nobre daquela época, embora fosse o herdeiro de todas as propriedades, não usufruía deste status, na verdade, ele vivia em uma posição de treinamento, educação e disciplina, sendo que muitas vezes um escravo era designado para isso, tendo desta forma autoridade sobre ele. A lei acaba tendo uma dinâmica semelhante, visto que a pessoa acaba ficando debaixo da autoridade dela até que a graça divina o liberte e o faça vivenciar as bençãos de Deus (2014, p. 613).

À sombra da lei, o ser humano era um herdeiro com menor idade e por isso acabava tendo muitas restrições. Ele era alguém sem liberdade alguma e, mesmo sendo herdeiro e um futuro senhor, ele não era maior que um servo da época. É desta forma que Paulo descreve a dinâmica da lei no Antigo Testamento, antes da vinda de Cristo (STOTT, 2018, p. 67-68).

Paulo também fala dos espíritos elementares que escravizavam os seres humanos e o propósito não é afirmar que a lei é ruim, maligna, visto que ela foi dada por Deus a Moisés. O que ele quer expor é que o inimigo pegou uma coisa boa e adulterou com o intuito malévolo de escravizar as pessoas (STOTT, 2018, p. 68). E o diabo é um mestre em adulterar o que é bom e justo. Ele pega o que é genuíno e transforma em correntes que prendem e escravizam os seres humanos. John Stott complementa e explica que:

“Deus intentou que a lei revelasse o pecado e nos levasse a Cristo; Satanás a usa para revelar o pecado e nos levar ao desespero” (STOTT, 2018, p. 68).

Por isso, foi inevitável Cristo vir nos libertar desta condição, sem a sua graça, acabamos por ficar presos em algo genuíno, mas usado de forma equivocada.

Sob a sujeição da lei, o ser humano é como uma criança de menor idade, um herdeiro com inúmeras restrições e que não tem diferença alguma dos servos. Mas a partir da graça, Jesus Cristo nos liberta para vivenciamos a realidade que Deus tem para nós.

A conclusão sobre a lei é que ela revela o nosso pecado e nos leva a Cristo, por isso que não mais seguimos a lei, visto que somos discípulos daquele que morreu por nós e nos libertou para uma nova vida.

Bibliografia

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo: Volume 4. São Paulo: Hagnos, 2014.

STOTT, John. Lendo Gálatas com John Stott. Viçosa: Ultimato, 2018.

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