Tive o primeiro contato com o princípio do equilíbrio financeiro quando eu ainda era jovem e conversei com o gerente da empresa na qual eu trabalhava. Aquele profissional usava um carro popular, mesmo ganhando muito bem, parecia que ele não ligava para a posição social. Ele falava que um carro muito caro não valia a pena, por conta de todos os custos de manutenção e seguro, sendo que um carro popular tinha a mesma funcionalidade de um carro luxuoso.
Esta foi a primeira vez que vi alguém com condições viver de modo consciente e equilibrado, sem ligar para luxos e posição social, usando o dinheiro de maneira inteligente e funcional. Depois deste dia, conheci outras pessoas que optavam por viver uma vida mais simples e sóbria, fugindo do consumismo e das armadilhas que o dinheiro traz. A partir deste dia, busquei uma forma de viver de modo equilibrado.
A simplicidade é uma prática complexa, visto que ela segue na contramão das coisas vistas como normais pela sociedade. Existe uma espécie de conduta que a massa segue, mas quando alguém vive de modo diferente, tal forma de viver causa um estranhamento nas pessoas.
É comum vermos alguém que não ganha muito, comprar um celular ou mesmo roupas e carros bem caros. Conheci muitos que viviam sem dinheiro, mas que ostentavam uma vida nababesca. Sendo que muitos não veem lógica em alguém que ganha bem, querer economizar, vivendo de forma equilibrada.
Um dos desafios da simplicidade é conseguir lidar com este estranhamento, já que um carro zero quilômetro e uma casa em um bairro nobre são vistos como sinais de sucesso por muitos. Alguns até falam que dinheiro atrai dinheiro, tudo para justificar uma vida de ostentação, que na maioria das vezes é só de aparência, uma vez que, estas pessoas não revelam o alto preço que muitas vezes elas pagam, por viverem a vida no limite.
A simplicidade acaba sendo complexa, justamente porque vai de encontro com a norma. Saber gastar e ter o que é necessário é visto por muitos com olhares negativos, sendo esta uma vida sem prazer, segundo eles. O que estes não entendem é que o prazer é muito mais do que comprar, ter e ostentar, é saber gastar, aproveitar o que temos e entender que não precisamos de tudo.
Eu não passo vontade, quando eu quero algo, eu faço os planos e adquiro o bem, a questão é que eu creio que eu não preciso de tudo e entendo que é fundamental saber fazer uma compra sábia. Algumas de nossas vontades são desejos passageiros ou sem sentido, saber refletir sobre isso é um primeiro passo para o equilíbrio.
Quem acredita que, para ser feliz, é preciso estar sempre comprando, no final, nunca terá uma vida satisfeita.
