O conhecimento é algo realmente maravilhoso, muda a nossa vida e expande a nossa visão. De igual importância é o autoconhecimento. Não é raro vermos muitos que não sabem ao menos quem são e, por isso, seguem cometendo erros. Buscar nos conhecer e sair do automático é uma atitude importante, inclusive para aqueles que buscam ter uma espiritualidade saudável.
O autoconhecimento na espiritualidade cristã é um ponto fundamental. Não é possível conhecer a Deus sem antes sabermos bem quem nós somos. É quando entendemos isso que olhamos para Deus, sendo que, ao pontuarmos nossas falhas e dificuldades, aprendemos a buscar em Deus uma saída para os nossos problemas. Quando não nos conhecemos, mal nos damos conta destas falhas.
E sobre este assunto, muitos teólogos e pensadores cristãos já mostraram a importância do autoconhecimento para a vida cristã, destaco um deles, entre tantos que abordaram o tema. Santo Agostinho diz que:
Ouso ensinar-te duas coisas, isto é, conhece-te a ti mesmo e a Deus (Sol. I, 15).
É fundamental entendermos bem quem somos, a espiritualidade coerente, parte desta verdade, para depois disso, conseguirmos conhecer a Deus. É impressionante constatarmos como a maioria dos seres humanos perece sem saber quem são.
Temos nossos medos, afinal, somos humanos, temos também os nossos sonhos, as nossas habilidades e dificuldades. E para completar, temos uma história que, em muitos casos, influencia a nossa vida. Ter consciência destas verdades é um passo importante para sermos cristãos relevantes. E é neste ponto que o autoconhecimento entra. John Stott nos ensina que:
“Até que tenhamos descoberto nós mesmos, não conseguiremos descobrir facilmente nenhuma outra coisa (STOTT, 2004, p. 72).
David Walton discorre sobre o autoconhecimento como o princípio para a inteligência emocional; sendo que o autocontrole parte justamente disso. Ele nos ensina também que a autoconsciência é a capacidade de conseguirmos entender quem somos, sabendo o que nos motiva ou nos desanima, e o porquê disso acontecer (WALTON, 2016, p. 35). Ao nos descobrirmos, conseguimos mudar, vencendo os obstáculos pessoais que prejudicam a nossa vida e a nossa espiritualidade. Pense que somos os nossos maiores sabotadores.
E por mais que o autoconhecimento seja complexo, já que a prática parte da minha vida e eu estou sujeito a muitos erros, não é impossível entendermos quais são os nossos erros e dificuldades, pelo menos o mínimo, para desta forma conseguirmos melhorar.
Peter Scazzero ensina que o autoconhecimento e a nossa comunhão com Deus são pontos totalmente interligados. Sem dúvida, o desafio de colocarmos de lado a nossa vida antiga e vivermos de forma genuína a nossa nova vida está no âmago da espiritualidade saudável e do nosso relacionamento com Deus (2013, p. 83). Anselm Grun pontua que:
“Sem o autoconhecimento correremos sempre o perigo de nossos pensamentos acerca de Deus serem meras projeções” (1994, p. 26).
Tire um tempo para refletir sobre a sua vida, tenha humildade para confessar suas falhas e áreas nas quais tem dificuldade. Nós só mudamos quando entendemos nossos pontos fracos. Busque ferramentas coerentes para desenvolver o autoconhecimento e aprenda a refletir de tempos em tempos sobre a sua vida, suas qualidades e dificuldades.
Algumas práticas são constantes, sendo que o autoconhecimento é um posicionamento, uma forma de agir e refletir. Por isso, descubra quem você é e cultive uma espiritualidade emocionalmente saudável.
BIBLIOGRAFIA
AGOSTINHO, Santo. Solilóquios; A vida feliz. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2014.
GRUN, Anselm. O céu começa em você: A sabedoria dos padres do deserto para hoje. Petrópolis: Editora Vozes, 1994.
SCAZZERO, Peter. Espiritualidade Emocionalmente Saudável: Desencadeie uma revolução em sua vida com Cristo. São Paulo: Hagnos, 2013.
STOTT, John. Por que sou cristão. Viçosa: Editora Ultimato, 2004.
WALTON, David. Inteligência emocional: Um guia prático. Porto Alegre: L&PM Editores, 2016.
