“Eu lhes suplico, irmãos, que se tornem como eu, pois eu me tornei como vocês. Em nada vocês me ofenderam; como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez” (Referência: Gálatas 4:12-16) (NVI).
Nem todos os cristãos entendem e concordam que o nosso exemplo e o modo como nos comportamos são os primeiros passos para conseguirmos transmitir o evangelho às pessoas. As nossas atitudes também comunicam e é isso que os cristãos precisam entender.
E sobre atitudes, Paulo inicia esta passagem fazendo uma súplica importante: “sejam como eu” (Gálatas 4:12). Nem sempre os cristãos se veem como bons exemplos, é comum muitos enfatizarem que é somente Jesus que devemos imitar. Contudo, na Bíblia, vemos o apóstolo Paulo agir de um modo bem contrário a esta opinião, ele fala para o imitarem, já que ele imita a Cristo (1 Coríntios 11:1), sendo que nesta passagem percebemos algo bem semelhante quando ele diz para estes irmãos serem como ele. O que concluímos é que, se alguém não pode nos imitar, não estamos imitando a Jesus. Ou nós nos posicionamos como cartas vivas (2 Coríntios 3:3), como arautos do evangelho, ou seguiremos bem distantes da vontade de Deus vivendo um cristianismo de teoria. É evidente que Jesus Cristo é o nosso norte, é ele que precisamos imitar, mas o nosso exemplo como cristãos deve também influenciar as pessoas a desejarem imitar a Cristo. John Stott complementa:
“Paulo pede aos gálatas que se tornem como ele. No contexto, esse apelo só pode significar o seguinte: Paulo ansiava que os gálatas se tornassem como ele na fé e na vida cristãs, que fossem libertos da influência maligna dos falsos mestres e compartilhassem as convicções sobre a verdade como ela é em Jesus, sobre a liberdade com a qual Cristo nos fez livres” (STOTT, 2018, p. 72).
Não é incomum encontrarmos cristãos que conheceram a verdade do evangelho, vivendo uma prática cristã que é muito mais uma moda do que um ensino bíblico. Ser cristão é caminhar conforme os ensinos da Bíblia e não seguir nenhum pseudo pastor e seus hábitos autoimpostos. É seguir distante das influências de falsos mestres e convictos da verdadeira liberdade em Cristo.
E o apóstolo Paulo continua e relembra um episódio importante que ocorreu quando ele foi pregar naquele lugar. Ele relata que estava doente quanto estava com eles e, apesar da enfermidade, ele foi recebido como se fosse alguém muito importante (Gálatas 4:13-14). O apóstolo se concentra em fatos importantes e relembra uma lição que certamente com o tempo eles esqueceram. Sobre a sua doença, ele diz que:
“Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; pelo contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que aconteceu com a alegria de vocês? Tenho certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim” (Gálatas 4:14, 15) (NVI).
Na Antiguidade, os olhos eram tidos como os órgãos mais valiosos, de um modo que Paulo poderia estar somente afirmando que: eles estavam propensos a se sacrificarem muito por ele. Entretanto, o aposto “se fosse possível” (Gálatas 4:15) revela a probabilidade de o apóstolo estar falando dos seus olhos. Em um estado intenso, a sua enfermidade poderia estar relacionada a um grave problema na visão (POHL, 2012, p. 155).
É visível a preocupação e o amor de Paulo por eles, mas em meio ao seu diálogo, ele faz uma pergunta essencial, que joga luz nesta passagem. Ele pergunta se havia se tornado um inimigo, por somente estar falando a verdade (Gálatas 4:16).
Paulo nesta passagem foca em episódios e fatos importantes que aconteceram e que certamente eles estavam esquecendo. E nós também podemos incorrer no mesmo erro quando, em meio às influências negativas, começamos a esquecer e menosprezar fatos essenciais em nossas vidas, histórias que revelam o quanto Deus é benevolente.
O apóstolo queria que os Gálatas relembrassem dos momentos importantes e pedia para que o posicionamento dele, de corrigir e ajudá-los, não se tornasse um problema. John Stott novamente complementa:
“Há uma lição importante nesta passagem. A autoridade de um apóstolo não cessa quando ele começa a ensinar verdades não populares. Não podemos ser seletivos na leitura da doutrina apostólica do Novo Testamento” (STOTT, 2018, p. 73).
O Novo Testamento nos oferece ensinos essenciais, bases da fé que precisamos seguir, sendo que é um erro escolhermos somente o que gostamos na Bíblia.
Os Gálatas estavam esquecendo lições fundamentais que aconteceram com eles e estavam tendo dificuldades em lidar com as exortações do apóstolo.
Cuidado com as influências negativas que levam você a esquecer e seguir cada vez mais distante da verdade do evangelho. Não rejeite a correção e os ensinos que a palavra de Deus dá e siga firme no caminho da verdade.
Bibliografia
STOTT, John. Lendo Gálatas com John Stott. Viçosa: Ultimato, 2018.
POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Esperança, 2012.
