ALMA SEDENTA

 O ser humano tem em seu interior uma sede tão insaciável, que acaba sendo ela que muitas vezes o destrói e o leva para direções perigosas. Um bom exemplo são aquelas pessoas que casam para ser feliz, o que é um grande problema, visto que ser feliz é algo pessoal, é uma missão que cada um deve enfrentar e aprender a trilhar sozinho. Felicidade não algo que depende dos outros. Você pode até esmagar alguém com o peso da responsabilidade de fazer você feliz. Este fardo é bem pesado e não percebemos como tal desejo é egoísta.

O mesmo podemos falar daqueles que insistem em dedicar toda a sua vida para a sua carreira, tornando-se os denominados workaholics. Pessoas sedentas por curar uma falta que certamente o trabalho não vai reparar, aliás, é possível até piorar. Para estes, o trabalho é como uma droga, que o usuário precisa usar cada vez mais, uma vez que, gradualmente, ele para de fazer efeito e a sede segue aumentando.

Constantemente me perguntam se sou feliz, sendo que para todos, a resposta é sempre a mesma, sim, é claro. Ao contrário do que muitos pensam, eu creio que a felicidade é um estado de contentamento e não somente momentos alegres, que duram pouco. Sendo que este estado não depende de fatores externos, problemas ou tristezas. Ficamos tristes, somos tocados em alguns momentos por problemas e situações adversas, mas seguimos felizes.

 Jesus, no diálogo com a mulher samaritana, afirmou ser a fonte de água viva e disse que se alguém bebesse desta fonte nunca mais teria sede (João 4:10-14).

“Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”” (João 4:13-14) (NVT).

Uma afirmação importante nesta nossa discussão, que nos mostra o tamanho da nossa incompletude, sem contar que a sua afirmação revela que é só Ele que consegue matar a nossa sede. Timothy Keller nos avisa que:

 “Ninguém, nem mesmo a melhor pessoa do mundo, tem como conceder à sua alma tudo de que ela necessita” (2018, p. 61).

Este sentimento de vazio é perigoso, visto que ele nos empurra para alguns desertos. Na tentativa de encontrarmos a felicidade e de matarmos esta sede que nos aflige, seguimos em busca de inúmeras coisas, mas sem sucesso. Nada e ninguém conseguirá matar a nossa sede, nos dar a felicidade e a completa satisfação, que só pode vir Dele. E se tomarmos esta água, certamente, seguiremos amparados em Cristo, a fonte de água viva. E é justamente o nosso vazio que demonstra como somos incompletos sem Deus.

É possível vermos muitas pessoas sedentas tentando preencher o vazio de inúmeras formas, uma insuficiência que nada e ninguém pode preencher. Esta incompletude só revela quem o ser humano é de verdade e aponta para o fato que, sem Deus, não somos nada. Temos uma sede que só Ele pode matar, uma vida incompleta, que só pode ser curada por Ele. O nosso vazio aponta sempre para Deus e para o quanto precisamos de Sua graça.

Bibliografia.

KELLER, Timothy. Deuses falsos: As promessas vazias do dinheiro, sexo e poder, e a única esperança que realmente importa. São Paulo: Vida Nova, 2018.

Deixe um comentário