ESCUTA IMPACIENTE

Já conversou com alguém que parece ter a resposta para tudo? Ele sabe resolver o problema de todos, entende onde você está errando e sempre tem uma receita pronta para arrumar a sua situação. Geralmente são estes que nos interrompem quando estamos falando e falam: “eu já passei por isso, eu sei resolver”.

Receitas são ótimas, principalmente quando queremos fazer bolos, visto que, quando você segue a receita fielmente, normalmente, tudo sai como planejado. Agora, ao se tratar de um ser humano, receitas nem sempre funcionam, já que cada ser humano é único e possui as suas características.

Ouvir é uma arte e eu sei que às vezes é um pouco difícil, visto que, quando gostamos de alguém, temos vontade de ajudar, por isso, insistimos em opinar e dar respostas aos problemas e questionamentos que escutamos. A questão é que ouvir e dar atenção ao ouvinte ajuda muito mais do que insistir em somente falar ou apontar soluções. Richard Foster pontua que:

“Você não precisa ter todas as respostas para ser um bom ouvinte. De fato, frequentemente as respostas representam um obstáculo à escuta, pois ficamos mais ansiosos para responder que para ouvir. A escuta impaciente, feita pela metade, é uma afronta a quem está falando” (2007, p. 196).

O princípio da boa escuta, parte primeiramente da paciência, é prestar atenção e permitir que o outro derrame o seu coração. E isso vale tanto para aqueles amigos que precisam de alguém para desabafar, devido a problemas ou situações complicadas, quanto para as conversas normais com as pessoas. Um diálogo é composto por dois indivíduos que conversam e se ouvem. O bom ouvinte é aquele que, pacientemente, deixa o interlocutor concluir a sua fala.

A escuta ativa é quando o ouvinte foca no diálogo e mantém a comunicação eficiente e clara, focando sempre em entender o que o interlocutor está buscando comunicar. Já quem não sabe escutar, ouve somente para responder e poder introduzir o seu assunto. Quem realmente escuta, presta atenção e valoriza o que a pessoa está dizendo.

E sobre falar sem opinar, não estou falando para você não opinar ou não dar resposta alguma, estou sugerindo que, acima de tudo, você busque ouvir e acolher o problema do outro. Não precisamos dar resposta para tudo, às vezes, a solução vem com o tempo, mas apoiar um amigo e ouvir de modo paciente faz toda a diferença.

A escuta impaciente transmite uma falta de vontade em ouvir o próximo, sendo que, quem insiste em sempre responder ou dar receitas, ao invés de acolher o problema, também mostra uma impaciência e diminui o desafio e o problema do outro. Gosto do conselho de provérbios, que nos ensina que:

“Quem responde antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha” (Provérbios 18:13) (NVI).

Todos os que respondem sem realmente ouvir, seguindo a lógica da escuta impaciente, no final passam vergonha, falam coisas incoerentes e demonstram que nem prestou atenção no que foi falado. E quem faz isso em meio a um desabafo, fecha as portas para um diálogo sincero e para a oportunidade de poder ouvir, orar pela pessoa e ajudá-la.

A paciência demonstra respeito e amor ao próximo, quando entendemos que respostas simples ou receitas formatadas nem sempre ajudam a resolver problemas complexos, aprendemos a ouvir e a estar presente com a pessoa.

Mais do que uma receita, precisamos demonstrar aos nossos amigos que estamos apoiando e sendo suporte em sua vida. Alguém que não consegue escutar, demonstra somente que é egoísta e que não consegue em momento algum se despir de seus desejos e dedicar um tempo sincero para ouvir e ser diferença na vida de outra pessoa.

Bibliografia

FOSTER, Richard. Celebração da disciplina: O caminho do crescimento espiritual. 2. ed. São Paulo: Editora Vida, 2007.

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