DESAFIOS DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ VII: O DESISTIR BÍBLICO E A VIDA CRISTÃ

Desistir é visto por muitos como algo negativo, é a atitude de pessoas fracas, bom mesmo é resistir e perseverar. Entretanto, existem momentos onde desistir não é fracassar, na verdade, pode ser o melhor passo que alguém pode dar em algumas ocasiões. Algumas vitórias dependem de largarmos certos pesos, assim sendo, desistir se faz necessário, como muito bem explicam Geri e Peter Scazzero no livro Eu desisto!

A obra inicia explicando qual é o tipo de desistência de que eles estão falando. E não se trata de ser fraco e jogar tudo para o alto, mas abandonar as ilusões, parar de fingir que está tudo bem e ser verdadeiro, quando a sua vida não está boa (SCAZZERO et al., 2014).

O próprio desistir bíblico, ou seja, deixar para trás o velho homem, o pecado e tudo o que nos afasta de Deus é uma atitude essencial. Nestas ocasiões, desistir é fundamental (SCAZZERO et al., 2014). Sobre o desistir bíblico, Geri Scazzero explica que:

“Desistir trata-se de morrer para as coisas que não são de Deus. Não se engane, essa é uma das coisas mais difíceis que fazemos por Cristo. Mas a boa notícia é que o desistir em si não é o fim; é também o início. O desistir bíblico é o caminho de Deus para a ressurreição, para que surjam coisas novas em nossa vida” (SCAZZERO et al., 2014, p. 21).

É preciso morrer para tudo o que não agrada a Deus, a vida cristã é um morrer para as coisas do “mundo” e viver para Deus. Quando desistimos de tudo o que é errado, conseguimos perseverar nas coisas certas.

Sobre o tema desistir, o livro explica como muitas coisas que fazemos têm outras motivações, como, por exemplo: temer o que os outros pensam de nós, e, diante disso, acabar agindo e fazendo coisas só para manter uma aparência. Ou se sobrecarregar de tarefas, que, na maioria das vezes, não precisamos fazer sozinhos. No livro, eles falam de oito coisas importantes que precisamos desistir, e os outros tópicos que eu não mencionei são: desistir de mentir, de morrer pelas coisas erradas e alguns outros fundamentais temas, mostrando como é necessário desistirmos para conseguirmos chegar em algum lugar.

Muitos acabam não conseguindo realizar inúmeros planos justamente porque não largaram no meio do caminho, bagagens inúteis, que só atrapalham a caminhada. Geri, mais uma vez, enfatiza que:

“Desistir ensinou-me a ser leal às coisas certas” (SCAZZERO et al., 2014, p. 23).

Ou aprendemos a desistir, ou seguiremos sobrecarregados, carregando fardos que não são nossos ou que podem ser divididos com outros. Gosto de quando os autores falam de limites, do quanto os limites são princípios fundamentais, são dádivas divinas. Sendo que toda a criação, bem como todo o ser humano, possui estes limites. O homem não é uma máquina que funciona sem parar (SCAZZERO et al., 2014). Diante desta verdade, precisamos ter limites e desistir de tudo o que não é da nossa responsabilidade.

O livro é essencial, ele nos ensina a arte de termos responsabilidade com a nossa vida, ministério e saúde. Ele aconselha os cristãos a ajudarem uns aos outros, mas também a entender que nem tudo é da nossa responsabilidade e ajudar, não é assumir o problema do próximo.

Viver em comunidade é uma das características do cristianismo, por isso que aprender a conviver e colocar limites é imprescindível, sendo que o livro fala muito da importância deles, para podermos frutificar no ministério que Deus nos deu.

É possível ver alguém muito atarefado, ativo na obra, mas que segue sem fazer o que Deus quer que ele faça no reino, ou mesmo que faça a obra desleixadamente por conta das suas muitas atividades. Entender isso é perceber o quanto o ativismo na igreja nos separa do propósito de Deus e aprender a delegar as responsabilidades é fundamental. Seja na igreja, família ou em outras áreas.

Não é possível fazermos com qualidade inúmeras coisas, por isso que desistir e aprender a dividir as tarefas é imprescindível.

Bibliografia

SCAZZERO, Geri.; SCAZZERO, Peter. Eu desisto!: Pare de fingir que está tudo bem e mude de vida. São Paulo: Editora Vida, 2014.

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