O SERMÃO DO MONTE PT 12: AUTOPROMOÇÃO

“Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará”  (MT 6: 1-4) (NVI). 

 Talvez uma das coisas que mais me dá asco é conviver com quem vive de aparência. Quem faz as coisas para se autopromover, e pagar de santo.

Há algum tempo eu li um livro chamado: Feridos em nome de Deus da autora Marília de Camargo César. E o que mais me impressiona no livro é o fato de muitos pastores serem vistos como santos e piedosos pelos membros de suas igrejas, porém, quando alguém começava a andar junto com aquele pastor, ele se mostrava um verdadeiro tirano.

Isso é comum hoje em dia, conheci muitos que possuíam carros do último modelo, mas não tinham dinheiro sequer para a gasolina, viviam de aparência. E conheci outros que faziam caridade ou ajudavam o próximo a fim de mostrarem o que eles não eram as pessoas e é destes que este texto fala.

Cristo neste texto tece uma crítica ácida aos judeus que davam esmolas, afim de mostrarem o quanto eram espirituais, o quanto eram bons e justos:

“Após o culto na sinagoga cada um levantava e dizia qual era a quantia que queria ofertar. Quando havia uma doação muito vultuosa, o doador era chamado até o bemá (tribuna) e recebia a honra de poder sentar ao lado do rabino. O servidor da comunidade tocava, então, uma trombeta, a fim de chamar a atenção dos seres celestiais, porque ali se havia realizado uma beneficência especial” (RIENECKER, 1998, p. 100-101).

Jesus deve ter visto esta cena muitas vezes e reparado o tamanho da  hipocrisia que este tipo de doação gerava. A virtude é silenciosa, como muito bem aponta Luiz Felipe Pondé, em uma entrevista onde ele falava de Jesus. O fazer o bem deve ser praticado em nome do bem, de uma causa ou necessidade e não em nome da autopromoção.

John Stott (1982) no livro: Contracultura Cristã faz uma reflexão interessante sobre esta passagem. Ele diz que se na passagem de Mateus 5:20 em diante, Cristo afirmou para tomarmos cuidado com os pensamentos que nos fazem pecar, como eu bem coloquei no texto passado. O mesmo se aplica a motivação de dar esmolas ou de ajudar ao próximo. No fim, tudo depende do nosso interior e o que nos motiva a fazer, é isso que devemos controlar.

E o texto é claro, se você faz o bem em nome de se autopromover, já teve a sua recompensa. Se você quer mostrar que é bom, quando doa alguma grande quantia a igreja, ou obra e caridade, já obteve a sua recompensa, não espere mais nada de Deus.

BIBLIOGRAFIA

STOTT, John. Contracultura Cristã: A Mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: Editora ABU, 1982.

RIENCKER, Fritz. Evangelho de Mateus: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Esperança, 1998.

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