LIÇÕES QUE APRENDI COM A MINHA BANDA

Fui líder e principal compositor de uma banda chamada Hawthorn. Foram mais de dez anos, dois CDs e dois EPs gravados e muitos shows pelos inúmeros cantos deste nosso Brasil. Todavia, não é fácil ter uma banda, investir dinheiro em um gênero que não dá retorno, não é para todos. Conviver nem sempre é fácil e onde tem pessoas têm conflitos, nunca se esqueça disso. Mas apesar dos problemas, existem sempre lições que levamos para a vida toda, seguem-se algumas que eu guardei para a minha caminhada.

Nem sempre o que fazemos agrada o próximo: Esta é uma das verdades que eu nunca mais esqueci. Muitas vezes eu passava dias compondo, escrevendo, trabalhando em músicas, para depois ninguém gostar. Normal, ninguém é obrigado a gostar, cada um tem o seu gosto e muitas vezes é impossível compor algo que agrade a todos. Contudo, esta situação que na época não era fácil enfrentar, me fortaleceu, me obrigou a aprender a lidar com críticas, que na época eu não sabia lidar. Foram momentos no qual tive que me conhecer, lidar com meus defeitos e evoluir na marra. Hoje uma crítica negativa não me atinge da forma como atingia, eu sei muito bem como lidar com ela e usá-la para crescer e progredir.

Cada um tem a sua velocidade: Esta foi à segunda lição que aprendi, uma das lições mais difíceis, pois eu sou um cara muito motivado, quando entro em uma empreitada costumo vestir a camisa de um projeto e dedicar todo o tempo que eu posso para ver ele acontecer. Mas nem todos são assim, alguns são mais lentos e não tem a mesma motivação. Penso que é aí que o papel do líder vai determinar o bom andamento. Pois além de respeitar a velocidade de cada pessoa envolvida, ele tem que cuidar para que os membros possam ter uma velocidade parecida. Pois algumas vezes a lentidão desanima os outros participantes do grupo. 

Liderar é delegar: Esta foi uma das primeiras lições que aprendi. Quando montei a banda eu era um rapaz novo, sem muita experiência e com muitos medos. Eu demorava em delegar as coisas, algumas vezes por medo, receio de ser traído. Isso gerou um desgaste muito grande e uma época eu não mais quis saber da banda, estava cansado de tudo por fazer muita coisa. Foi aí que tive que aprender a delegar, para que o fardo ficasse dividido e um pouco mais leve. Quem não delega carrega tudo nas costas, se cansa e mais dia ou menos dia pode desanimar e querer abandonar tudo.

Conviver é respeitar e não aceitar: Respeito, isso nós aprendemos ou nos obrigamos a aprender quando montamos uma banda. Pois afinal, são muitas pessoas, cada uma com sua forma de pensar e você tem que respeitar. Respeitar a opinião alheia não é aceitar, e sim entender o seu direito de ser e pensar como quer. Assim como você é livre, ele também é, então respeite, simples assim.

Nem sempre todos têm a sua motivação: Em um projeto, alguns membros envolvidos não vestem a camisa como você ou os outros membros vestem. Isso não significa que aquela pessoa não gosta do que faz, e sim, que ela tem mais de um projeto ou motivação. Entender que algumas ótimas pessoas não têm as mesmas motivações que você é o segredo para não achar que aquela pessoa não quer mais estar envolvida naquele projeto. Respeite as motivações e trabalhe esta questão para que todos entendam. Contudo, se na sua empreitada todos estão animados, corre o risco de uma pessoa assim ficar para trás e acabar saindo da banda, por se sentir destoada do grupo.

Aprenda a hora de parar: Quando eu montei o Hawthorn eu estava tentando realizar um sonho de muitos anos, além de tocar um estilo musical no qual eu gostava e ainda gosto muito. Foi um sonho gravar os CDs, tocar em vários cantos do país, abrir o show de algumas bandas importantes, e fazer muitos contatos. Todavia, as mudanças na formação me desanimaram, e eu tinha que lidar com esta questão sempre que um músico saía, principalmente quando o vocal, característica mais marcante de uma banda, abandonava o projeto. É sempre difícil substituir uma pessoa, ainda mais quando os antigos músicos eram pessoas competentes. Eu demorei em encerrar o projeto, com isso me desgastei muito. A força que eu tinha para encerrar a banda e montar uma nova eu usei para manter a banda viva e isso me cansou. Aprenda a hora de encerrar, ou dar um tempo. Assim você não se desgasta e se abre para novas oportunidades. É um desafio entender quando termos que persistir e quando temos que parar, não existe uma fórmula para saber, seja bem vindo ao mundo das decisões.

Eu tenho um carinho muito grande por todos os músicos que fizeram parte da banda. Eu sei que errei muito como líder, em minha ânsia de acertar terminei por magoar alguns, mas eu sei que também tive muitos acertos.

Guardo na lembrança muitas histórias, alguns importantes ensinamentos que recebi destes membros eu guardo com cuidado e sou grato por toda a ajuda e crítica que tive dos amigos de fora da banda. O Hawthorn foi um sonho, um momento que passou, mas que deixou suas marcas. Espero logo, quem sabe, começar um novo projeto, mas, enquanto isso não é possível, sigo as minhas outras motivações.

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