Me identifiquei com o Augusto Cury quando ele contou, no livro Inteligência emocional, como ele era na escola, visto que, eu tive um problema parecido com o dele que desde novo me perseguiu. Eu não conseguia prestar atenção por muito tempo em um professor e dependendo do assunto, eu custava a conseguir focar mesmo se o professor fosse bom. Quando novo isso me prejudicou, fui chamado de relaxado e muitas coisas mais. Minha autoestima ficava lá no chão, não me sentia capaz de fazer coisa alguma além de ser o exemplo negativo na sala de aula. Resumindo, eu era o imprestável e a professora me lembrava disso quase todos os dias, afirmando que eu não servia para nada. O desafio foi aprender a lidar com tudo o que eu ouvi quando cheguei na idade adulta, pois certas palavras nos acompanham, pode ter certeza disso.
O pior (ou o melhor) era que eu sempre tive uma mente criativa, eu viajava em sonhos e planos em uma sala de aula que nos fazia apenas repetir e decorar ideias. Não que eu ache que decorar seja uma coisa totalmente má, mas ensinar não é só isso, é fazer a criança pensar, desenvolver sua criatividade e descobrir seu talento. O que me faz lembrar de uma passagem do livro do Roger Scruton onde ele fala justamente deste assunto:
“Uma dose de realismo teria relembrado as pessoas de que os seres humanos são diferentes, e que uma criança pode fracassar em uma coisa e ter êxito em outra. Somente um sistema educacional diverso, com exames bem concebidos e rigorosos, fará com que as crianças encontrem o conhecimento, a experiência ou a vocação que sirvam às suas habilidades” (SCRUTON, 2015, p. 89).
Entender como toda a criança aprende e compreender seus dons, inspirações e dificuldades é o principio para gerarmos adultos confiantes, seguros de suas capacidades e do que precisam melhorar. Cada um tem o seu dom, cada ser humano tem suas facilidades e dificuldades, o papel da escola é justamente descobrir isso na criança, e incentivar para que ela cresça. Eu sei que a inteligência não é algo distribuído de forma igualitária, alguns são mais inteligentes do que os outros, normal, mas eu também sei que cada um tem um dom ou uma facilidade, basta descobrir e investir nesta determinada área.
Basicamente existem 7 tipos de inteligência, segundo o psicólogo Howard Gardner, a inteligência linguística, lógica, motora, espacial, musical, interpessoal e a intrapessoal. Eu não sou psicólogo e muito menos pretendo abordar de forma detalhada este assunto, mas sim, ao longo do tempo percebi como alguns têm a inteligência para aprender certas coisas e são péssimos em outros assuntos, e nem por isso são indivíduos que não possuem inteligência.
Hoje eu sou músico, descobri o meu dom quando com 13 anos de idade aprendi a tocar bateria vendo o meu irmão tocar, já gravei alguns CDs e EPs e fiz muitos shows. Em contra partida eu também escrevo muito, uma facilidade que eu não possuía, mas que eu consegui desenvolver quando adulto com muitas tentativas, estudos e erros. O erro é um ótimo professor, o fracasso ensina muitas coisas, o segredo é persistir e continuar firme. Eu acredito que com dedicação conseguimos aprender qualquer coisa, mas sim, alguns têm mais facilidade para certas áreas, basta você descobrir a sua.
Eu também consegui, depois de adulto, controlar a minha atenção, eu sei bem que perco o foco rápido e fico enfastiado numa velocidade impressionante. Como estou sempre pensando, sempre tendo ideias e divagações, preciso constantemente me manter alerta para não perder a aula ou um conteúdo de algum curso.
Creio que tive algumas dificuldades para lidar com estes fantasmas, mas não é impossível vencê-los. Não importa o que fizeram com você, como a frase atribuída a Sartre diz, e sim, o que você faz com aquilo que fizeram com você. Está em suas mãos se entregar, cair no coitadismo e se lamentar ou talvez, arregaçar as mangas e tentar. Descubra quem você é, qual é o seu dom ou inteligência, mas também tente algo novo, algo que seja desafiador e diferente. É assim que nos desenvolvemos e crescemos, é desta forma que sem querer acabamos por desenvolver áreas que antes achávamos impossível desenvolver.
BIBLIOGRAFIA
CURY, Augusto. O código da inteligência: A formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson Brasil, 2008.
SCRUTON, Roger. As vantagens do pessimismo: e o perigo da falsa esperança. São Paulo: É Realizações, 2015.

O nosso sistema educacional está empacado em “poucas” (pra não dizer nenhuma) políticas de mudança educacional, em sistemas de avaliação engessados e na quantidade exorbitante de trabalhos burocráticos que um professor precisa dar conta, além de ensinar. Triste pensar que matamos diariamente a criativdade de nossos alunos. Quisera todos fossem determinados a evoluir e transpor limites como vc. Parabéns! Siga aprendendo, evoluindo e escrevendo!!! Abraço.
CurtirCurtir
Pura verdade professora, falta muitas mudanças.
Abraço!
CurtirCurtir